Nesta quarta-feira (13), o sol do meio-dia será testemunha da manifestação que tomará as ruas em frente à prefeitura de Feira de Santana. Centenas de trabalhadores terceirizados do município decidiram se unir em um ato de resistência, uma tentativa desesperada de fazer suas vozes serem ouvidas. Sem salário, sem vale-alimentação, sem auxílio-transporte, esses trabalhadores se veem sem condições de chegar ao trabalho e, muito menos, de sustentar suas famílias.
A crise, que já afetava a rede de educação municipal, provocou a paralisação em várias escolas, onde a ausência de profissionais impedia o funcionamento regular. “Como posso ir trabalhar se nem o dinheiro da passagem recebi?”, questionou uma funcionária que, por medo de represálias, preferiu não se identificar. “Estou sem dinheiro até para a comida de casa. Meu filho pergunta se amanhã terá comida, e eu fico sem saber o que responder”.
Apesar do desespero dos trabalhadores, a prefeitura, por meio da Secretaria de Administração, limita-se a notificar as empresas terceirizadas pelo descumprimento de cláusulas contratuais. Mas, para quem está do outro lado, a sensação é de abandono. “Estamos sendo tratados como invisíveis”, lamenta um trabalhador. “Notificação não põe comida no prato”.
E num momento que muitos esperavam acolhimento e apoio, a Secretaria de Educação tomou uma decisão controversa: solicitar uma lista de presença de trabalhadores que faltaram para aplicar descontos nos pagamentos mensais. A atitude foi vista por muitos como uma ação punitiva. “É como se fôssemos culpados por uma situação que não criamos”, desabafa um funcionário. “Eles sabem que não estamos indo trabalhar porque não temos condições, não é porque não queremos. Cadê a empatia?”.
Além da incerteza dos trabalhadores sobre os salário, eles têm medo de receber o 13º salário, que muitos já contavam para cobrir dívidas e garantir um fim de ano menos apertado. As histórias de quem está nessa luta se repetem e refletem o desamparo vívido diariamente.
“Não queremos nada além do que é nosso por direito: a nossa dignidade de trabalhar sem passar fome. Queremos ser tratados com respeito”, diz uma das manifestantes. A cidade espera que as autoridades ouçam o clamor desses trabalhadores e tragam uma resposta rápida e justa para esta situação de sofrimento.
Foto ilustração/Acorda Cidade