Nos corredores da Câmara Municipal do Rio, o vereador e ex-prefeito do Rio Cesar Maia (DEM) vem sendo chamado de “pai do noivo” – referência ao poder conquistado por seu filho, o deputado federal Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da Câmara dos Deputados e primeiro na linha sucessória caso o presidente Michel Temer (PMDB) não termine o mandato.
O nome de Rodrigo também circula como possível candidato a presidente da República. No entanto, a depender do pai do noivo, Rodrigo não concorrerá ao Planalto: será de novo candidato a deputado federal e disputará outra vez o mandato de dois anos na presidência da Câmara.
Ao analisar o quadro para as eleições de 2018, Cesar diz que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva sairá candidato a presidente, mas se eleito, não conseguirá ser diplomado por causa de suas condenações criminais (por corrupção ativa e lavagem de dinheiro, no âmbito da Operação Lava Jato), e isso criaria uma crise institucional no país.
Sobre o deputado federal e ultradireitista Jair Bolsonaro (PSC), Cesar avalia que ele se expôs cedo demais e cairá nas pesquisas, enquanto o tucano Aécio Neves, alvo da Lava-Jato, “faleceu politicamente” e sequer tentará a reeleição ao Senado. Só sairá para deputado federal por Minas Gerais.
A conversa com o PSDB está difícil, alfineta, porque o PSDB tem “complexo de argentino”: “Se você compra pelo que ele vale e vende pelo que ele acha que vale, você fica rico”. César afirma que o melhor diálogo é com o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, mas o PSDB não é só Alckmin.
A ascensão de Rodrigo Maia provocou uma curiosa inversão de papéis entre os Maias. Se antes Rodrigo era, para os cariocas, o filho de Cesar, agora Cesar é que é, na cena brasileira, o pai de Rodrigo. Segundo Cesar, não faltaram apelos para que, quando o presidente Michel Temer apareceu nas gravações do empresário da JBS Joesley Batista, Rodrigo o empurrasse ladeira abaixo e assumisse o governo. “Rodrigo, não joga nessa”, foi o conselho do pai, ídolo político do filho.
Os Maias, pai e filho, foram citados nas delações da Odebrecht como supostos beneficiários de caixa 2 em campanhas eleitorais e estão respondendo a inquéritos. Os dois negam. Cesar também está recorrendo na Justiça de uma condenação por improbidade administrativa durante sua gestão como prefeito do Rio, pela contratação sem licitação do escritório de advocacia de um cunhado.