A ditadura venezuelana de Nicolás Maduro dá mais um passo neste domingo (9) para tomar os poucos espaços de poder que ainda sobram nas mãos da oposição.
Como? Por meio de mais uma eleição sem a presença dos principais opositores e com resultados questionados, desde que o CNE (Conselho Nacional Eleitoral) deixou suficientes evidências de fraudes nas votações da Assembleia Constituinte, em julho de 2017, e nas eleições de governadores e de prefeitos, em outubro daquele ano.
Agora, estão em jogo cargos de 2.459 vereadores para todo o país. Estão habilitados a votar 20,7 milhões de venezuelanos, mas o clima das ruas é de que nada está acontecendo.
Há pouquíssimos cartazes de publicidade. Numa rápida enquete nas ruas do centro de Caracas (geralmente mais chavista) e do lado leste (anti-chavista), as respostas mais comuns ouvidas pela Folha de S.Paulo foram a de que não se vai votar ou mesmo de que a eleição era desconhecida.
Em pronunciamento no último domingo (2), a presidente do CNE, Tibisay Lucena, disse que não haverá observadores internacionais, mas que o governo estava “orgulhoso de estar cumprindo com o cronograma eleitoral”.
Os principais partidos de oposição estão impedidos de participar.
Ficam de fora, assim, o Vontade Popular –de Leopoldo López, que cumpre prisão domiciliar–, o Primeiro Justiça –de Henrique Capriles, que teve os direitos políticos cassados– e o Ação Democrática –do ex-presidente da Assembleia Nacional Henry Ramos Allup.
Participam partidos aliados ao chavismo, alguns nascidos de organizações sociais ou de defesa dos indígenas, e o governista PSUV (Partido Socialista Unido da Venezuela).
De oposição “leve”, estará a Avançada Progressista, do ex-candidato presidencial Henri Falcón, derrotado por Nicolás Maduro em maio deste ano em um pleito contestado por observadores internacionais e pela oposição, e a tradicional Copei (cristã-democrata).
O lado leste de Caracas, onde se concentra o que restou de oposição na capital, é o principal objetivo dos chavistas. Aí já foram removidos de seus direitos políticos vários ex-prefeitos, como Leopoldo López, Antonio Ledezma e David Smolansky. Ainda há, porém, muitos vereadores ligados às gestões desses opositores.
“Vão deixar toda Caracas vermelha, e vai ser cada vez mais difícil voltar a entusiasmar a população a protestar novamente”, disse Antonio Nevada, dono de uma farmácia no bairro de Chacao.
No centro, no belo edifício da Assembleia Nacional, uma estranha situação se normalizou. Há sessões da Assembleia Constituinte, que tomou o espaço e o poder do Parlamento de maioria opositora, eleita em 2015.
Porém, quando os parlamentares constituintes, de maioria governista, não estão em sessão, é permitida a entrada no edifício dos deputados opositores, que seguem votando leis que não são postas em prática.
No interior do país, a situação de certo modo se repete. Os governadores governistas exercem seus cargos. Mas os únicos quatro que pertencem a partidos opositores têm designado para acompanhá-los um “protetor do povo”, escolhido por Maduro, que é quem de fato administra tais estados.
Com informações da Folhapress.