Preso pela Polícia Federal devido à investigação sobre fraude em contratos da merenda escolar, o prefeito de Mongaguá (no litoral de SP), Artur Parada Prócida (PSDB), atribuiu a sobras da campanha eleitoral e a uma herança deixada por seu pai a quantia equivalente a mais de R$ 5 milhões apreendida em sua casa na quarta-feira (9).
Prócida foi detido em flagrante durante a Operação Prato Feito, suspeito pelos crimes de lavagem de dinheiro e corrupção passiva. Ele guardava moeda brasileira e estrangeira em espécie -R$ 4,6 milhões e US$ 216 mil.
“Há como explicar, mas não se trata de lavagem de dinheiro. Os dólares são de uma doação, uma herança de seu pai, e os valores são de sobras de campanha. Ele assume, sim, irregularidades que podem até levar a um crime eleitoral porque existem numerários não contabilizados”, disse o advogado Eugênio Malavasi.
Na última eleição, em 2016, Prócida declarou R$ 3,6 milhões em patrimônios, mas apenas R$ 83 mil gastos na campanha e pouco mais de R$ 38 mil recebidos em doações, valores distantes do encontrado pela PF.
A defesa de Artur Parada Prócida defendeu a inocência do político na tarde desta quinta-feira (10), mas viu frustrado o pedido de liberdade provisória em audiência na 1ª Vara Federal em São Paulo. O Diretório Estadual do PSDB ainda declarou que Prócida e seu vice, Márcio Cabeça, foram sumariamente afastados das atividades partidárias e tiveram as filiações suspensas.
Prócida, 71, é natural de São Joaquim da Barra, no interior de São Paulo, e foi professor de educação física em escolas públicas. Iniciou a carreira política na década de 80, como vereador. Em 1992, foi eleito para o primeiro mandato como prefeito, fato repetido em 2000, 2004, 2012 e 2016.
Nos mais de 30 anos de política na cidade, emancipada há 59, Prócida acumula só na última eleição seis processos eleitorais por “abuso de poder econômico, abuso de poder político e uso da máquina pública” quando teve pedidos de cassações de campanha de seus principais concorrentes. O autor de quase todas foi o advogado Renato Carvalho Donato, terceiro colocado entre os prefeitos no pleito.
Entre os casos, foi condenado por pintar pontos da cidade com as cores de seu partido, fazer campanha com a presença de servidores públicos, contratar e demitir outros servidores que trabalhavam na prefeitura em período vedado pela justiça eleitoral.
Na eleição, outro caso envolvendo Renato Donato e Prócida chamou atenção. Em um debate na Santa Cecília TV, emissora de televisão local, questionado sobre as obras em uma UPA (Unidade de Pronto Atendimento) da cidade, que estavam havia mais de seis anos sem funcionamento, chamou de “maldita” a unidade. O vídeo acabou viralizando.
Prócida ainda é questionado na cidade pelo não funcionamento da maternidade e do centro cirúrgico do hospital Adoniran Correa Campos há sete anos. Ou seja, desde então, não são realizados mais partos na cidade.
Pelos rivais políticos, é apontado como atuante “à moda antiga”, pouco adepto a entrevistas e de relacionamento distante com a população. Considerado, também, um “workaholic”, adepto a trabalhar depois do expediente.
Prócida quase recebeu em novembro o título de “prefeito eterno”, sugerido por um vereador da cidade a aprovado pela Câmara local. A condecoração só não ocorreu por uma ação popular, liderada por Renato Carvalho Donato. A população ainda realizou uma série de protestos.
Em seu último posicionamento, a procuradoria da prefeitura disse que tem auxiliado na apuração do processo da PF. Com o afastamento do prefeito e de seu vice, o presidente da Câmara Municipal, Rodrigo Biagioni, deve assumir o Executivo na cidade. Com informações da Folhapress.