O vazamento de contas secretas na Suíça de milhares de brasileiros ganhou mais um capítulo nesta terça-feira (1º). O caso, conhecido como Swissleaks, em alusão ao Wikileaks, começou a ser investigado em março de 2015 e teve a primeira etapa do inquérito criminal concluída pela Polícia Federal pouco mais de três anos depois. A suspeita é que 660 brasileiros teriam mantido contas ou feito investimentos secretos no HSBC suíço.
Na época, a lista da instituição financeira foi divulgada pelo International Consortium of Investigative Journalism (Consórcio Internacional de Jornalismo Investigativo). Entre os crimes que podem ter sido cometidos estão evasão de divisas e lavagem de dinheiro. Outros delitos, que ainda não vieram à tona, podem aparecer no decorrer da investigação.
Os responsáveis pelas violações são grandes empresários de diversos setores de economia, além de 13 ex-funcionários do HSBC no Brasil. De acordo com informações obtidas pelo Globo, esses últimos podem ter dado auxílio na abertura das contas secretas e prática de crimes financeiros.
A relação de brasileiros é extensa. Detalhes sigilosos apontam 9.325 clientes do banco no país. Na época, os investidores mantiveram US$ 15,2 bilhões (R$ 53,4 bilhões) no HSBC Private Bank Genebra. O prejuízo aos cofres públicos com a corrupção na Petrobras foi calculado em R$ 6 bilhões.
A matéria é baseada em levantamento feito pelo próprio jornal, em parceria com o jornalista Fernando Rodrigues em março de 2015, com base em documentos oficiais que foram vazados pelo ex-funcionário do banco na Suíça, Hervé Falciani. Após identificação dos brasileiros, peritos da PF passaram a receber informações da Receita Federal e do Banco Central. O caso está sob responsabilidade do delegado Tomás de Almeida Vianna, da Divisão de Repressão aos Crimes Financeiros e à Lavagem de Dinheiro da PF em Brasília.
Agilidade nas apurações
Em janeiro do ano passado, foi enviado pela PF à Justiça Federal de Brasília o primeiro relatório parcial da investigação. Meses depois, em novembro, ficaram conhecidos todos os alvos do inquérito, que foi desmembrado para 12 unidades da polícia. O objetivo era acelerar o término das apurações.
É constatado crime quando os ativos não são declarados pelos investigados. Por esse motivo, nesta última fase, a PF vai verificar com a Receita Federal e com o Banco Central se houve declaração dos recursos enviados ao exterior. Alguns dos possíveis envolvidos no caso já tinham feito a adesão ao programa de repatriação.
Principais nomes são alvo de investigação em SP
São 317 empresários ligados à área de construção civil, a setores imobiliário, industrial, financeiro e de transporte. Entre os principais nomes estão o presidente da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), Benjamin Steinbruch, o banqueiro André Esteves (sócio do BTG Pactual), o presidente da Tecnisa Joseph Meyer Nigri, o dono da incorporadora Rossi Residencial Edmundo Rossi Cuppoloni, o ex-presidente da Galvão Engenharia Dario de Queiroz Galvão Filho, e o sócio da construtora Queiroz Galvão Carlos de Queiroz Galvão.
Além desses grandes empresários, estão incluídos na lista Carlos Alberto Massa, o Ratinho, e os donos do banco Tricury, José Roberto Cury e Jorge Cury Neto. Os dois últimos negaram acusação e alegaram terem declarado os ativos. As investigações, agora, ficarão a cargo da Superintendência da PF em São Paulo
Apuração no RJ e outros estados
No Rio de Janeiro, são alvos do inquérito, além do empresário do setor de ônibus Jacob Barata Filho, 28 pessoas ligadas ao ramo e familiares que aparecem vinculados a contas no HSBC da Suíça. Na lista, também está o empresário Carlos Francisco Ribeiro Jereissati e familiares.
Outro empresário, sendo este considerado um dos mais ricos do Brasil, é Lírio Albino Parisotto, que está sendo investigado pela PF no Amazonas. No Ceará, está na mira da polícia a família do empresário Edson Queiroz Filho.
POR NOTÍCIAS AO MINUTO