O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva prestou depoimento nesta quarta-feira (10). Ele ficou frente a frente com o juiz federal Sérgio Moro em uma sessão que durou mais de cinco horas.
No primeiro vídeo liberado pela Justiça Federal, Moro destacou que o depoimento é um ato normal no processo e, ainda, que era a oportunidade de Lula esclarecer sua versão dos acontecimentos.
“Não tem pergunta difícil”, disse Lula já no início do depoimento, afirmando que responderia a tudo e não usaria o direito de ficar em silêncio.
Antes de começarem as perguntas, Moro explicou quais as denúncias contra o petista. A primeira parte da acusação é que Lula saberia sobre o esquema de corrupção envolvendo a Petrobras. Além disso, o ex-presidente seria questionado sobre a acusação de que foi beneficiado em um esquema da OAS, recebendo propinas, que foram pagas através do tríplex no Guarujá.
Lula reforçou que pretende ser candidato em 2018, nas eleições presidenciais. O petista já havia manifestado a intenção em diversas ocasiões.
Tríplex
“Nunca houve intenção de adquirir o tríplex”, afirmou Lula ao ser questionado sobre a propriedade. “Tomei conhecimento desse apartamento em 2005 e voltei a tomar somente em 2013”, prosseguiu o petista. Lula esclareceu que, em todas as ocasiões, era referido o apartamento simples, cuja cota foi comprada por dona Marisa Letícia, sua esposa, e não o tríplex.
O Ministério Público Federal acusa Lula de ter recebido R$ 3,7 milhões em benefício próprio, através do triplex 164-A no Edifício Solaris, no Guarujá.
Lula confirmou que ele e Marisa chegaram a visitar o local algumas vezes e que decidiram não ficar com o imóvel, sem, no entanto, esclarecer de quem foi a ideia. O petista explicou que conversou com Leo Pinheiro, ex-presidente da OAS, mas que não aceitou que o local fosse reformado para sua família.
“Não sei se você tem mulher, mas nem sempre elas nos falam o que vão fazer”, disse o ex-presidente ao argumentar que ele próprio não tinha conhecimento de tudo. “A verdade é o seguinte: não solicitei, não recebi, não paguei e não tenho nenhum tríplex”, continuou.
“Imagino que o Ministério Público vai na hora que for falar apresentar as provas. Eles devem ter pelo menos algum documento que prove o direito jurídico de propriedade para dizer que é meu o apartamento.”
Destruição de provas
Em outro trecho, Moro aborta a questão de uma suposta destruição de prova. A acusação fez parte da delação de Leo Pinheiro. “Jamais disse para o Leo o que ele falou. Aliás, é outra coisa, Doutor Moro, que quero esclarecer”, respondeu Lula, complementando que a destruição de documentos “nunca aconteceu e nunca vai acontecer. O petista explicou que os encontros com Pinheiro aconteceram sempre no Instituto Lula e que eram para “discutir viagem, discutir a questão do apartamento, discussões sobre o futuro da economia brasileira”.
Sítio em Atibaia
Em um dos momentos, Sergio Moro fez uma pergunta sobre o sítio em Atibaia, cuja propriedade é atribuída a Lula. “Esse é um outro processo, Dr, que quando chegar o inquérito, eu terei muito muito prazer de falar sobre isso”, disse o petista, como resposta.
Considerações finais
Depois de mais de quatro horas de perguntas, Lula pediu a palavra para proferir considerações finais.
“Estou sendo vítima da maior caçada política que um político brasileiro já teve”, iniciou Lula. “Sou julgado pela construção de um Power Point mentiroso, aquilo é ilação pura”, afirmou.
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