Obispo Edir Macedo, da Igreja Universal do Reino de Deus, decidiu atacar Fernando Haddad (PT) em duas frentes judiciais: um processo civil e outro criminal.
O líder religioso e dono da Record diz que foi difamado pelo candidato do PT à Presidência, que em entrevista a jornalistas descreveu seu adversário, Jair Bolsonaro (PSL), como “o casamento do neoliberalismo desalmado representado por Paulo Guedes” e o “fundamentalismo charlatão do Edir Macedo”.
“Isso é o Bolsonaro”, afirmou Haddad no feriado de Nossa Senhora Aparecida, 12 de outubro.
As críticas continuaram: “Sabe o que está por trás dessa aliança? Chama em latim ‘auri sacra fames’. Fome de dinheiro Só pensam em dinheiro”.
Após endossar os petistas Lula, em 2002, e Dilma, em 2010, Edir Macedo declarou voto em Bolsonaro uma semana antes do primeiro turno, por meio de uma mensagem no Facebook.
Voltou assim às raízes antipetistas: em 1989, fez campanha aberta contra o petista, então presidenciável de primeira viagem (a oposição continuou nos anos FHC).
Na segunda-feira (22), Macedo pediu a instauração de procedimento de investigação criminal.
O processo o descreve como “um dos líderes evangélicos mais conceituados e reconhecidos no mundo”, uma “pessoa íntegra, séria e respeitosa”.
“O requerente Edir Macedo expressou sua predileção ao candidato Jair Messias Bolsonaro, justamente o maior adversário do requerido Fernando Haddad”, diz o texto. “Apenas e somente demonstrou sua inclinação ao candidato Jair Bolsonaro, nada mais!”
A ação lembra que, no passado, o bispo já respaldou o PT de Haddad.
E frisa que o petista compartilhou a entrevista na íntegra em suas redes sociais, maximizando seu alcance e gerando “comentários ofensivos disponíveis na publicação”.
São reproduzidas mensagens que criticam a fala do candidato do PT, como a de uma internauta que, no Facebook, escreve: “Kkkkkk e um lindo processo na sua costa, kkkkk. Por incitar o ódio religioso”.
“No âmbito religioso”, afirma o processo, “fundamentalismo denota sentido negativo, uma vez que se associa a atos violentos tal como o terrorismo e regimes políticos teocráticos”. Já o termo charlatão, bom, “é aquele que explora a boa fé do povo, enganando, fingindo atributos e qualidades, justamente para obter vantagens. Outrossim, aduz que [o bispo] teria fome de dinheiro e só pensaria em dinheiro, desconsiderando toda a sua trajetória”.
Segundo a peça, Haddad “zombou” de Macedo e “dos dogmas” da Universal. Assim, “ofende a honra objetiva [de Macedo], por meio de atos intolerantes e difamatórios, perante os membros da Igreja Universal do Reino de Deus e sociedade. Ainda, ofende a honra subjetiva [do bispo], que nada mais é que o juízo que faz de si, acerca de seus próprios atributos, praticando, assim, atos injuriosos”. Na ação civil, o líder religioso solicita que Haddad apague um tuíte com a entrevista e “se abstenha, de imediato, de todo e qualquer ato ofensivo e inverídico ao bom nome, imagem, honra e reputação” de Macedo.
Pede ainda que o petista se “retrate formalmente” com o bispo e seus fiéis, “por meio de mensagem falada ou escrita, em suas páginas oficiais no Twitter e Facebook”.
Como indenização “razoável”, a ação propõe que Haddad pague 83 salários mínimos (cerca de R$ 77 mil).
A assessoria do presidenciável afirmou que “o professor Fernando Haddad pretende se defender na Justiça” e está “convicto de que suas afirmações são verdadeiras e que os fatos e a história dos personagens envolvidos assim comprovam”.
Com informações da Folhapress.