O ministro das Cidades Bruno Araújo pediu, nesta segunda-feira, 13, demissão do cargo, pouco antes de participar de cerimônia simbólica de entrega de cartão reforma no Planalto. Em carta enviada ao presidente Michel Temer pedindo sua exoneração, Bruno Araújo diz que “não há mais apoio” para que ele siga no comando da pasta e fala indiretamente da crise vivida no PSDB. “Agradeço a confiança do meu partido, no qual exerci toda a minha vida pública, e já não há mais nele apoio no tamanho que permita seguir nessa tarefa”, escreveu.
Araújo era um dos quatro ministros tucanos no governo. Desde a votação da segunda denúncia, partidos do Centrão vinham pressionando Temer por uma reforma ministerial que lhes desse mais espaço no governo e excluísse os tucanos do alto escalão, em troca de aprovar projetos de interesse do governo como a reforma da Previdência. Pelo seu gordo orçamento, o Ministério das Cidades era um dos principais objetivos da base aliada.
“Tenho a convicção, Sr. Presidente, que a serenidade da história vai reconhecer no seu Governo resultados profundamente positivos para a sociedade brasileira. Receba minha exoneração e meus agradecimentos”, completa o deputado pernambucano que estava licenciado.
Bruno diz que em maio do ano passado, aceitou o convite “para ajudar o País no processo de transição que permitisse” e cita o ex -presidente Fernando Henrique que afirmou que era preciso “repor em marcha o governo federal…” e preparar o País para o seu próximo líder a ser eleito daqui a alguns meses.
Os tucanos têm mais três pastas, Relações Exteriores, Secretaria de Governo e de Direitos Humanos. Temer deve tirar do papel, nas próximas semanas, a reforma ministerial. Segundo reportagem do Estado/Broadcast Políticoapurou que Temer já comunicou interlocutores no Congresso sobre a intenção de redistribuir cargos em 15 dias. Com as mudanças, o PSDB deve perder espaço, enquanto PMDB e PP podem ganhar novas cadeiras.
Bruno Araújo, que discursou no evento, afirmou que sob seu comando o Ministério das Cidades avançou em governança. “Recuperamos o MCMV e a credibilidade nos compromissos financeiros. Implantamos duas ações que vão deixar marcas relevantes no desenvolvimento social do País: o Cartão Reforma e a Nova Legislação de Regularização Fundiária”, escreveu. “Preciso agradecer o apoio de toda nossa competente equipe nessas realizações, e de modo especial a sua confiança, que de trato sempre fidalgo e republicano, permanentemente nos deu autonomia em busca da melhor entrega possível a população brasileira”, completa.
O agora ex-ministro afirmou que há ainda muito o que se fazer. “O País responde rapidamente ao comando da boa gestão, testemunhei isso. É hora das prioridades serem mais da sociedade e menos das corporações. É fundamental coragem de todos para os enfrentamentos que protejam as necessidades dos que não conseguem faltar ao trabalho para vir a Brasilia clamar por melhores serviços públicos”.