Em discurso proferido na tribuna da Casa da Cidadania, nesta terça-feira (24), o vereador Pablo Roberto (PMDB) externou sua preocupação com o presente e futuro do sistema de transporte coletivo urbano de Feira de Santana.
“Talvez, nós não estamos dando a devida importância ao que essas empresas (Rosa e São João) estão fazendo em Feira de Santana e, na minha avaliação, o que elas pretendem fazer. Até porque, eu não consigo compreender como uma empresa, que ganha um presente do Município, que foi esse contrato emergencial para administrar o transporte por seis meses, já começou a mostrar para que ela veio, já começou a mostrar que ela não respeita Feira e que ela não respeitará, porque quem não cumpre um contrato emergencial, não cumprirá o contrato de 10, de 15 e de 20 anos”, disse.
O peemedebista acrescentou: “ora! Com quatro meses gerenciando o serviço na cidade, já atrasou o pagamento de funcionários, e não vi ninguém aqui, caro vereador Alberto Nery, inclusive nem o sindicato, o qual Vossa Excelência preside, fazer um posicionamento forte com relação a esse descaso. E fico preocupado com o que vejo e com o que ouço”.
Pablo informou que, hoje, pela manhã, ouviu um comentário de uma pessoa argumentando que, em virtude do transporte clandestino, as empresas não têm como ganhar dinheiro suficiente para honrar a folha de pagamento.
“Eu quero saber o que é que a população tem a ver com isso. Não vamos vender aqui falsa ilusão para o povo não. Esta Câmara tem a obrigação de falar a verdade para o povo, acima de qualquer coisa. Não venham pra cá vender a ilusão, que com a chegada dos 270 ônibus, que tudo estará resolvido, porque não estará, até porque Feira de Santana, ao longo dos anos, não tem mostrado capacidade para combater o transporte clandestino, e não vai resolver, não vai exterminar, não vai tirar de um dia para noite essas pessoas, esses transportes que fazem esse serviço em Feira”, avalia.
Em sua opinião, o Executivo Municipal sozinho não resolverá o problema do transporte clandestino. “Tem que ser constituída uma força tarefa para combater e enfrentar isso, com a participação da Prefeitura, Ministério Público, polícia, todos devem fazer com que essa situação se resolva”.
Pablo disse que também não concorda com o discurso que atribui o atraso do pagamento dos rodoviários de Feira de Santana ao feriado do Dia da Consciência Negra (20 de novembro), em São Paulo. “Isso é mentira, é engodo, não existe isso, instituição financeira não age desta forma, é tudo online, a tecnologia está aí para isso. Se programou o salário, vai cair, independentemente do dia que seja. Então, vamos falar a verdade, dizer que não pagou porque não quis”, declarou o edil, defendendo a realização de uma audiência pública para discutir todos os assuntos pertinentes ao transporte coletivo urbano, que inclusive já está programada para o dia 04 de dezembro.
Presidente do Sintrafs
Em aparte, o vereador Alberto Nery (PT), que também é presidente do Sindicato dos Rodoviários de Feira de Santana (Sintrafs), afirmou concordar plenamente com parte do discurso de Pablo. “Só discordo quando Vossa Excelência disse que nós não fizemos críticas ou não colocamos este assunto aqui”.
Sem revelar o nome, petista informou que um deputado fez uma crítica em relação à paralisação dos rodoviários, ocorrida no último sábado, pela manhã. “Pela nossa convenção ficou garantido que o pagamento é dia 5 e dia 20; se cair sábado, domingo e feriado, o pagamento será antecipado, e essas empresas já atrasaram por três vezes: a Rosa a primeira vez, depois tivemos um problema com ticket alimentação e, esta semana, a São João, e eles não nos avisaram e, quando foi durante a madrugada, eles tentaram fazer um contato conosco, mas nós não atendemos e determinamos aos trabalhadores e à direção do sindicato para fazer a manifestação”.
Nery também externou sua preocupação com o serviço prestado pelas atuas empresas que operam o sistema de transporte coletivo urbano. “Se elas não têm capacidade de administrar com o número de trabalhadores que tem hoje aí, imagine com 270 ônibus, que vai aumentar em média 400 trabalhadores? Isso, realmente, é preocupante, eu acho que a audiência pública é pertinente”, pontuou.
Líder do Governo
Também em aparte, o líder do Governo na Câmara, vereador José Carneiro (PSL), disse que a preocupação de Pablo é pertinente, porém ele acredita que haverá melhorias no transporte.
“Nós sabemos que o sistema de transporte coletivo desta cidade sempre foi ruim. No entanto, não podemos deixar de observar que, com a licitação pública de novas empresas, que se comprometem trazer para a cidade uma frota totalmente nova, renasce a esperança no coração do povo feirense e de dias melhores no sistema de transporte coletivo. Pelo fato de ter carros novos, vai atrair uma demanda maior de passageiros e, consequentemente, diminuir o número de ligeirinhos, que, diga-se de passagem, ninguém até hoje conseguir eliminar o sistema em Feira”, ressaltou Carneiro.
O vereador Roque Pereira (DEM) disse que o Sintrafs foi insensível, argumentando que houve atraso no salário dos rodoviários apenas de um dia. “E não foi na mensalidade não, foi atraso na quinzena, apenas um dia prejudicar toda a população de Feira de Santana? Eu acho que o sindicato foi muito radical, com todo respeito que eu tenho aos rodoviários, por ser um profissional do volante também, mas eu acho que foi muito radical, porque pior faz o Governo do Estado da Bahia, que já passou três meses no governo de Waldir Pires sem pagar os servidores e, apesar disso, não houve greve”.
O vereador Edvaldo Lima (PP) também participou do debate, salientando que tem um papel fundamental na mudança do transporte coletivo urbano de Feira de Santana, “principalmente na defesa dos trabalhadores e da sociedade, até porque eu não cobrei apenas 270 ônibus. Para resolver o problema do município, são necessários 400 ônibus”, disse o oposicionista, afirmando que vai lutar para que haja ampliação da frota.
Ascom