BBx7AkvJuan Manuel Santos, presidente da Colômbia, ganhou nesta sexta-feira o prêmio Nobel da Paz de 2016 por “seus esforços resolutos para encerrar a guerra civil de mais de 50 anos em seu país”. Santos foi o grande artífice do acordo de paz com as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), uma guerrilha esquerdista que há 50 anos promove ataques contra a população civil órgãos do governo.

O pacto selado as Farc foi o resultado de negociações iniciadas quando Santos assumiu seu primeiro governo, em 2010, mandato para o qual foi reeleito em 2014. A fase pública das negociações começou em novembro de 2012, por meio diálogos formais em Havana, mediados por Cuba e Noruega, e com acompanhamento de Venezuela e Chile. Depois de quatro anos de conversas entre o presidente Santos e o líder guerrilheiro Rodrigo Londoño Echeverri, o Timochenko, o pacto foi selado.

No último domingo, porém, por uma pequena margem de votos, a população da Colômbia rejeitou em um referendo o acordo de paz do governo. O “não” ao pacto teve 50,2% dos votos, contra 49,8%% do “sim” – uma diferença final de pouco mais de 60.000 votos. O referendo teve baixo comparecimento, com apenas cerca de 40% dos eleitores aptos indo às urnas.

O inesperado resultado – pesquisas indicavam vitória tranquila do “sim” – põe o acordo de paz em estado de suspensão. O “não” à proposta deixa as negociações entre a Colômbia e as Farc em situação incerta: confiante na vitória, Santos havia dito que não existia “plano B” para o acordo. A campanha pelo “não” teve o apoio do ex-presidente Alvaro Uribe e criticava a anistia aos guerrilheiros das Farc. “Os americanos não dariam impunidade a Osama bin Laden, nem os franceses teriam dado impunidade ao Estado Islâmico. Por que os colombianos têm que dar impunidade total aos terroristas que atingiram tanto a Colômbia como Bin Laden atingiu os Estados Unidos?”, disse Uribe em um protesto antes do referendo.

As Farc, que começaram com um grupo de guerrilha camponês, se tornaram um agente importante no tráfico de cocaína e chegaram a ter mais de 20.000 combatentes. Em até 180 dias, os quase 15.000 restantes deverão entregar suas armas à Organização das Nações Unidas (ONU), em um passo importante pela paz na Colômbia. Como parte do acerto com o governo, as Farc já estão organizando diretrizes para se converterem em um partido político legal.

O acordo de paz põe fim a um conflito de 52 anos, considerado um dos mais antigos e sangrentos da América do Sul. A violência entre guerrilheiros, paramilitares e agentes do Estado deixou 260.000 mortos, 45.000 desaparecidos e 6,9 milhões de deslocados em meio século.