O vice-presidente Hamilton Mourão disse nesta segunda-feira (13) que o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Gilmar Mendes “passou da linha da bola” e “forçou a barra” com suas declarações que associaram o Exército a um genocídio -por conta da crise sanitária provocada pelo novo coronavírus.
“O ministro não foi feliz. Aí vou usar uma linguagem do jogo de polo: ele cruzou a linha da bola, ao querer comparar com genocídio o fato das mortes ocorridas aqui no Brasil na pandemia, querer atribuir essa culpa ao Exército, porque tem um oficial general do Exército como ministro interino da Saúde”, disse o vice-presidente, durante transmissão promovida pelo banco Genial Investimentos.
“Ele forçou uma barra aí que está criando um incidente com o Ministério da Defesa”, completou, em referência à decisão da pasta de acionar a PGR (Procuradoria Geral da República).
No sábado, Mendes havia criticado a ausência de ministro efetivo no comando da Saúde, pasta que mantém como interino o general Eduardo Pazuello. O ministro do STF disse que essa situação seria ruim para a imagem das Forças Armadas, utilizando o conceito “genocídio”.
Mourão também afirmou que as críticas feitas ao governo são válidas, mas que o ministro do Supremo “ultrapassou o limite da crítica”.
“Não é aceitável que se tenha esse vazio no Ministério da Saúde. Pode até se dizer: a estratégia é tirar o protagonismo do governo federal, é atribuir a responsabilidade a estados e municípios. Se for essa a intenção é preciso se fazer alguma coisa. Isso é ruim, é péssimo para a imagem das Forças Armadas. É preciso dizer isso de maneira muito clara: o Exército está se associando a esse genocídio, não é razoável. Não é razoável para o Brasil. É preciso pôr fim a isso”, afirmou.
O vice-presidente afirmou que a relação do governo com o STF vinha em um bom momento, após um começo conturbado. Mourão ressaltou que o presidente Jair Bolsonaro escalou seus ministros ligados à área do Direito -como André Mendonça (Justiça) e Jorge Oliveira (Secretaria Geral da Presidência)- para construir “pontes” com a cúpula do judiciário.
Em relação ao Congresso, o vice-presidente afirmou que a aproximação com o chamado “Centrão” foi um importante passo para a reaproximação com o poder legislativo
“Em relação ao legislativo, o presidente já compreendeu desde algum tempo que nosso presidencialismo tem que ter base no Congresso”, disse Mourão.
“A aproximação com os partidos de centro, que são, vamos dizer assim, a base do equilíbrio do poder dentro do legislativo, é uma aproximação que eu considero sadia, correta. E a partir daí começou a melhorar, vamos dizer assim, esse relacionamento”, completou.
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