Porto Príncipe (Prensa Latina) Mais de 200.000 crianças no Haiti são vítimas de tráfico, a maioria delas em situações de servidão doméstica, denunciou hoje um relatório da fundação Depase fwonty¿ (Crossing the limits).
O fenômeno é mais visível nas cidades do interior, e é conhecido como restav¿k, um termo crioulo para ‘ficar com’, e faz parte de uma antiga tradição supostamente destinada a ajudar as crianças das famílias mais desfavorecidas.
A Organização, junto com o Coletivo de Advogados Especializados em Litígios Estratégicos de Direitos Humanos (Caldsh), lembrou que as crianças, muitas vezes sobrecarregadas de trabalho, devem negligenciar sua escolaridade para atender às exigências de seus ‘pais substitutos’.
Estas estruturas encorajaram os atores do sistema judiciário a agir contra aqueles que exploram crianças, numa tentativa de reduzir o número de famílias que recorrem a esta prática.
Rosemond Manace, chefe da Depase fwonty¿, observou que a fundação acompanha cerca de 160 menores vítimas, e trabalha para reintegrá-los em sua família de origem.
Em 2019 Leronel Mortimé, coordenador do Observatório Haitiano contra o Tráfico e o Tráfico de Pessoas, denunciou a prática de restav¿k como uma das manifestações da escravidão moderna, tolerada pela sociedade.
Naquele momento, a organização identificou pelo menos 280.000 crianças reabilitadas e exigiu que as autoridades atendessem as pessoas que caem nessas redes, punissem os responsáveis e aplicassem as convenções e leis internacionais sobre o tráfico de pessoas, enquanto estabeleciam políticas públicas para melhorar as condições de vida da população.