Para tentar resolver o impasse na sucessão ao governo da Bahia, quarto maior colégio eleitoral do país, o PT escalou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para uma reunião com lideranças do PP baiano, que ameaçou na quarta-feira um rompimento com o grupo do governador petista Rui Costa. O encontro, que deve ocorrer até a próxima semana em São Paulo, onde Lula reside, busca um alinhamento entre Costa, o senador Jaques Wagner (PT-BA) e o vice-governador João Leão (PP), que vêm apresentando divergências entre si.
Os problemas começaram há cerca de um mês, numa outra reunião em São Paulo, na qual Wagner debateu com Lula a hipótese de recuar de sua pré-candidatura ao governo da Bahia. Na ocasião, o senador Otto Alencar (PSD-BA), também presente ao encontro, foi sondado para concorrer ao Executivo estadual no lugar de Wagner, abrindo caminho para Rui Costa se lançar ao Senado.
Leão, que ficou de fora deste encontro, esperava a renúncia de Costa para assumir o governo a partir de abril até o fim do ano. Na segunda-feira, porém, diante da resistência de Otto em concorrer ao governo, Wagner anunciou à “rádio Metrópole” que o senador disputará a recondução e que o PT escolherá um candidato próprio à sucessão de Costa, que completaria o mandato sem disputar a eleição deste ano, o que irritou tanto o vice quanto o atual governador.
Ontem, Leão reuniu-se em Brasília com lideranças do PP alinhadas ao presidente Jair Bolsonaro (PL), como o presidente da Câmara, Arthur Lira, e o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, e depois expôs sua insatisfação com o PT e com Wagner nas redes sociais. Lideranças petistas resolveram acionar Lula na tentativa de evitar um rompimento com o PP, que poderia desidratar o palanque do PT no maior estado do Nordeste. Em 2020, o PP foi o segundo partido que mais elegeu prefeitos na Bahia, com 92, atrás apenas do PSD, que venceu em 108 municípios. O PT fez 32 prefeituras.
— O presidente Lula vai entrar em campo. O PP está indo a São Paulo nos próximos dias para falar com ele. Na Bahia temos um governo de coalizão, que não tem dono. A situação ficou desconfortável depois que Wagner decidiu não ser mais candidato, mas a relação de PT e PP é positiva para todos — afirmou o deputado federal Zé Neto (PT-BA).