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Cidades ignoram João Dória e isolamento social

Osvaldo Cruz
5 Min Leitura

O governador paulista, João Doria (PSDB), enfrenta outro revés neste final de 2020. Sua ordem para que o Estado de São Paulo cumpra uma rígida regra de fechamento de estabelecimentos comerciais e restaurantes está sendo desrespeitada de maneira quase generalizada no litoral do Estado.

O tucano já passou por 2 problemas recentes que afetaram sua solidez política na “guerra das vacinas” com o presidente Jair Bolsonaro.

Primeiro, o imunizante CoronaVac, contratado pelo Estado de São Paulo, continua sem ter dados definitivos sobre sua eficácia (que pode variar, por enquanto, de 50% a 90%). Segundo, Doria foi muito contestado por ter decidido viajar para passar o final do ano em Miami, nos EUA, logo depois de ter decretado medidas duras de lockdown para os paulistas —a viagem durou um dia apenas e foi contestada por Bolsonaro, que ironizou o governador a quem chamou de “calcinha apertada” e criticou a ausência do tucano.

Agora, Doria se vê mais uma vez numa situação em que sua autoridade é desrespeitada por seus próprios governados. Uma ordem do tucano determinava que só serviços essenciais poderiam funcionar de 25 a 27 de dezembro de 2020 e de 1º a 3 de janeiro de 2021. Ou seja, lojas do comércio, shoppings, restaurantes e bares teriam de ficar completamente fechados nesses dias, mas inúmeras cidades desrespeitaram as regras.

Prefeituras de pelo menos 13 cidades do litoral paulista não estão cumprindo a ordem de Doria: Bertioga, Caraguatatuba, Cubatão, Guarujá, Ilhabela, Itanhaém, Mongaguá, Peruíbe, Praia Grande, Ubatuba, Santos, São Sebastião e São Vicente.

“Não é possível operacionalizar tais medidas restritivas a apenas 2 dias do Natal. Isso deveria ser debatido, pelo menos, 30 dias atrás. Se tal medida fosse tomada, os setores da economia teriam como se preparar. Por exemplo, bares e restaurantes já estocaram mercadorias para essas datas“, explicou o prefeito de Praia Grande, Alberto Mourão (PSDB), correligionário de Doria.

Prefeito da Praia Grande, Alberto Mourão (camiseta preta), inaugurou restaurante na orla nesse sábado (26.dez); decreto de Doria obrigaria fechamento do estabelecimento.

O prefeito de Caraguatatuba, Aguilar Júnior (MDB), disse que vai cumprir o decreto do governo Doria apenas para o Réveillon. Para este fim de semana de Natal, foram mantidas as regras da fase amarela. “Infelizmente veio esse anúncio [do governo estadual] neste momento, na véspera de Natal. Isso deveria ter vindo antes“, reclamou em entrevista à TV Vanguarda, filiada da Rede Globo na Baixada Santista.

Na capital de São Paulo também ficaram abertas lojas em muitos bairros. Nas redes sociais, há também notícias de que cidades do interior paulista como Bauru, São José dos Campos e Piracicaba também desrespeitaram a determinação de João Doria. Na Grande São Paulo, houve descumprimento das regras em cidades como Guarulhos, São Caetano do Sul, Mauá e Diadema.

O decreto de Doria que coloca o Estado inteiro em fase vermelha no seu Plano São Paulo de Combate à Pandemia não estipula punições para cidades que desrespeitarem as regras. O governador tem dito que pretende sempre dialogar com os prefeitos. A estratégia parece não estar funcionando.

Na prática, o simples desrespeito observado em algumas cidades paulistas à ordem do tucano indica que Doria tem passado por desgaste político nos últimos dias.

Para piorar a situação, o Estado São Paulo está na parte superior da lista de mortos por covid. A taxa de óbitos por milhão de habitantes é de 990. O número mostra os paulistas na 11ª colocação entre as 27 unidades da Federação, apesar de Doria sempre ter defendido e determinado uma política muito restritiva ao longo da pandemia.

 

A média diária de casos e mortes por covid-19 cresceu mais de 60% no Estado em dezembro, com 7.200 casos e 148 novas mortes por dia. Em novembro, as médias diárias eram de 4.300 infectados e 91 óbitos, segundo o governo paulista.

Fonte Poder 360

 

 

 

 

 

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