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Alckmin fica fora do núcleo de poder do governo e foca atuação em militares, agro e oposição

Osvaldo Cruz
4 Min Leitura

Com uma atuação pública discreta, o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) vem se tornando um canal de diálogo do governo com alguns setores mais refratários ao PT, como militares, representantes do agronegócio e parlamentares da oposição.

 Alckmin tem buscado se consolidar como uma ponte do Executivo com camadas da sociedade mais críticas à esquerda. Aliados dizem que essa atuação é a estratégia dele para manter protagonismo na gestão petista, uma vez que não participa do centro de poder do governo -concentrado na Casa Civil- ou da formulação da política econômica, algo que ocorre principalmente no Ministério da Fazenda.

O vice-presidente manteve apenas três despachos oficiais com Lula em 45 dias de governo, segundo a agenda do mandatário. Mas interlocutores do vice-presidente, que também é ministro do Desenvolvimento Indústria, Comércio e Serviços, ressaltam que os dois conversam também por telefone pelo menos uma vez por semana.

Governador de São Paulo por quatro mandatos, Alckmin deixou o PSDB e se filiou ao PSB para viabilizar a aliança eleitoral com Lula. A ida do ex-tucano para a chapa petista fez parte do plano de Lula para reduzir resistências ao PT no setor produtivo e se aproximar do centro e da centro-direita.

Após a vitória, Lula indicou Alckmin para ser o coordenador-geral do governo de transição. Havia uma especulação de que o posto poderia ser ocupado por Gleisi Hoffmann, presidente nacional do PT; ou ainda por Aloizio Mercadante, hoje presidente do BNDES e que coordenou o plano de governo petista.

Pouco depois, o vice foi anunciado como ministro.
Alckmin esteve ao lado de Lula na reunião com governadores logo após os ataques golpistas de 8 de janeiro; também participou da primeira reunião ministerial do governo e do segundo encontro com os chefes dos Executivos estaduais.
Nesse terceiro evento, Lula fez uma brincadeira com o fato de Alckmin não ter sentado em sua cadeira no gabinete presidencial quando o mandatário viajou para Argentina e Uruguai.

Alckmin justificou a pessoas próximas que tampouco se sentou na cadeira do então governador Mário Covas (PSDB) quando era vice em São Paulo e precisava ocupar o cargo interinamente, de 1995 a 2001.

A relação de Lula com os militares está estremecida desde antes da posse. Parte significativa de oficiais e da tropa é crítica ao PT, enquanto o presidente e aliados desconfiam de um setor que consideram contaminado politicamente pelo bolsonarismo.

O próprio ministro da Defesa, José Múcio, chegou a afirmar que o mandatário estava com dificuldades para virar a página.

Nesse sentido, o ministério comandado por Alckmin virou uma ferramenta para tentar distensionar a relação com a caserna. Lula passou a tratar com os comandantes sobre projetos estratégicos para as Forças Armadas e escalou a pasta do Desenvolvimento Indústria, Comércio e Serviços para coordenar a participação da iniciativa privada nessas ações.

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