A grande maioria da população brasileira considera que brigar não vale a pena, condena essa forma de resolver conflitos interpessoais, mas revida se for agredida mesmo não se considerando uma pessoa violenta. É o que mostra uma pesquisa inédita feita pelo Ipec e o Instituto Patrícia Galvão, com apoio da Uber, obtida com exclusividade pelo g1 e o Jornal Hoje.
O levantamento “Percepções sobre controle, assédio e violência doméstica: vivências e práticas” foi realizado para compreender a perspectiva dos brasileiros sobre esses temas que envolvem práticas invasivas, assédio e violência.
Foram entrevistadas 1.200 pessoas em todo território nacional (800 homens e 400 mulheres) entre 21 de julho e 1º de agosto deste ano. Todos maiores de 16 anos. A margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou para menos.
Do total de entrevistados, 92% dos homens e 85% das mulheres declararam que brigar não vale a pena. Mas, quando questionados sobre serem agredidos, 69% dos homens e 63% das mulheres dizem que não são violentos, mas revidam.
Além disso, 37% afirmaram não levar desaforo para casa, na mesma proporção para homens e mulheres.
A concordância com essa afirmação é maior (53%) entre jovens de 16 a 24 anos de ambos os sexos, atingindo 56% entre os homens dessa faixa etária.
“O que esses dados mostram é que a maioria da população afirma que brigar não vale a pena, que brigar é coisa de gente sem argumento. Nesse primeiro momento, todo mundo é de paz. Mas aí você entra no campo pessoal de que ‘eu sou de paz, mas eu não levo desaforo para casa’, ‘se eu for agredido, eu vou revidar’, afirma Marisa Sanematsu, diretora de conteúdo do Instituto Patrícia Galvão.
“Os dados nos deram essa percepção de que as pessoas estão quase no limite. A pessoa sempre tem uma justificativa para sair da condição pacífica para a agressão. Todo mundo diz que briga por legítima defesa. Então, em teoria, a briga é de gente que não tem argumento para dialogar, mas a partir do momento que a pessoa se sente agredida, ela não quer dar a outra face. Ela quer revidar”.
Com informações do G1