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Nova lei permite que agentes de trânsito portem armas durante e fora do trabalho

Osvaldo Cruz
6 Min Leitura

Enquanto os motoristas se preocupam com multas e congestionamentos, uma mudança polêmica promete elevar o nível de tensão nas vias públicas.

A proposta de permitir que agentes de trânsito carreguem armas de fogo já foi aprovada pela Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) da Câmara dos Deputados e avança para o Senado.

A novidade levanta debates intensos e suscita uma questão importante: até onde vai a responsabilidade desses profissionais na segurança pública?

Essa decisão, que pode redefinir a atuação dos agentes, já desperta reações divididas entre especialistas, legisladores e a sociedade.

Porte de armas e nova regulamentação para agentes de trânsito

O projeto aprovado altera o Estatuto do Desarmamento para conceder o porte de armas aos agentes de trânsito, tanto durante o serviço quanto fora dele.

Essa autorização, no entanto, vem acompanhada de exigências rigorosas, incluindo formação especializada e controle, conforme a legislação em vigor.

Além disso, o texto vai além ao reconhecer a atividade dos agentes de trânsito como de natureza policial.

Esse detalhe, embasado na Constituição Federal, reforça a ideia de que esses profissionais desempenham um papel central na promoção da segurança viária.

A regulamentação também estabelece critérios mais rígidos para o ingresso na carreira, como a exigência de diploma de nível superior, nacionalidade brasileira e aprovação em concurso público.

Os agentes continuarão exercendo funções como fiscalização, promoção da educação no trânsito e ações para garantir a segurança nas vias.

Contudo, com o porte de arma, o alcance e as responsabilidades desses servidores podem se expandir significativamente.

Segundo o relator do projeto, deputado Delegado Paulo Bilynskyj (PL-SP), a proposta regulamenta a Emenda Constitucional 82/14, que já atribuía aos Estados, ao Distrito Federal e aos municípios a responsabilidade pela segurança viária.

O deputado destacou que os ajustes feitos no texto buscam respeitar as autonomias regionais, permitindo que cada ente federativo legisle sobre o tema de forma específica.

Caminho até o Senado

Com a aprovação na CCJ, o projeto de lei segue para análise no Senado. Caso não haja recurso para votação no plenário da Câmara, a tramitação será direta.

Se aprovada, a medida marcará uma nova etapa na atuação dos agentes de trânsito no Brasil.

Conforme o texto atual, os agentes poderão portar armas desde que passem por treinamentos rigorosos e demonstrem aptidão para manejar o equipamento com segurança.

Essa exigência busca evitar que situações de estresse no trânsito escalem para episódios de violência armada.

Paulo Bilynskyj ressaltou que a segurança viária precisa ser tratada como uma extensão da segurança pública.

“Esses profissionais enfrentam diariamente situações de risco. É fundamental garantir as ferramentas necessárias para que possam desempenhar suas funções com segurança e eficácia”, afirmou.

Repercussão da proposta

O projeto de lei divide opiniões.

De um lado, especialistas em segurança pública veem a medida como um avanço necessário, argumentando que o porte de armas aumentará a proteção dos agentes e fortalecerá a fiscalização no trânsito.

Por outro lado, críticos apontam os riscos de armar servidores que, embora treinados, não são tradicionalmente associados ao uso de força letal.

Entre as preocupações levantadas está a possibilidade de má utilização das armas em abordagens rotineiras, o que poderia resultar em tragédias ou escalada de conflitos.

Além disso, há receios de que a medida amplie a desconfiança da população em relação aos agentes de trânsito, transformando uma relação de cooperação em algo mais hostil.

Entidades ligadas à segurança pública e organizações civis já manifestaram posições contrárias e favoráveis ao projeto.

Enquanto uns defendem a iniciativa como um reforço à segurança no trânsito, outros pedem cautela, alegando que o Brasil já enfrenta desafios significativos no controle de armas.

Comparações com outros países

A proposta coloca o Brasil em uma posição de destaque ao comparar sua legislação com a de outros países.

Em nações como os Estados Unidos, agentes responsáveis pela fiscalização de trânsito em algumas jurisdições já possuem o direito de portar armas.

Contudo, isso ocorre em contextos onde há uma forte integração entre os setores de trânsito e as forças policiais.

No Brasil, essa mudança poderia significar um passo na mesma direção, mas ainda há dúvidas sobre como será a implementação na prática.

O treinamento, a fiscalização e o controle sobre o uso de armas por esses agentes serão cruciais para evitar que a medida se torne um novo ponto de tensão na segurança pública.

Uma medida transformadora ou arriscada?

Caso a proposta seja aprovada, os agentes de trânsito brasileiros terão suas funções ampliadas de maneira significativa.

A profissão, que até então era voltada para a fiscalização de infrações e educação no trânsito, passará a envolver elementos típicos de atividades policiais.

Fonte: CPG

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