Mesmo na prisão domiciliar, o sargento da Polícia Militar da Bahia, Josafá Ramos, encontrou uma forma inesperada de marcar a presença na formação de sua filha, agora soldado da PMBA. O evento, realizado na Vila do Bonfim, em Salvador, foi palco de uma das projeções mais singelas de amor entre pai e filha.
Josafá, um dos acusados de envolvimento nos eventos de 8 de janeiro e atualmente em regime domiciliar em Feira de Santana, ficou impossibilitado de comparecer presencialmente no momento especial. No entanto, sua filha, que não desistiu de incluir o pai em seu grande dia, usou a tecnologia e a criatividade para criar uma “telepresencialidade” emocionante.
“Ela foi genial e me deu esse presente! Muito inteligente! Parabéns, minha filha!”, disse o sargento.
A ideia veio de Cláudia, esposa de Josafá, que, durante a cerimônia, fez uma videochamada e pediu ao marido que se preparasse. “Meu pai, tem como o senhor colocar a farda? Rápido, rápido! Consegui esse momentinho!”, insistiu a filha, enquanto aguardava ser chamada ao pódio.
Surpreso e inicialmente relutante, Josafá atendeu o pedido, usa com orgulho a farda que tanto simboliza sua história. “Estava macambúzio em casa, sem entender nada, mas fui providenciar as peças. Mesmo longe, quis esse momento ao lado dela, mesmo que virtualmente”, relatou.
Do outro lado da tela, ele viu sua filha de pé, em posição de respeito e orgulho. A chamada foi breve, mas informações de significado. Mais tarde, ao assistir às imagens da cerimônia gravadas pela família, o sargento não conteve a emoção.
“Foi um flash de luzes da imaginação. Apesar de tudo, pude sentir que participei. Esse momento ficará marcado para sempre”, disse ele.
A formação do jovem soldado, em meio aos desafios e limitações, não foi apenas a comemoração de um sonho realizado, mas também um tributo ao vínculo entre pai e filha, que ultrapassou barreiras físicas e emocionais.