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Fim de linha para Zé Ronaldo? Seria o plano de ACM Neto para se consolidar no poder na Bahia

Osvaldo Cruz
6 Min Leitura

O União Brasil tem três ministérios no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e poderá compor com o PT em algumas cidades satélites na Bahia. Feira de Santana é a menina dos olhos do Rei.

O partido União Brasil tem três ministros e centenas de cargos no governo federal. São eles: Waldez Góes, Ministério da Integração; Juscelino Filho, Ministério das Comunicações; e Daniela Souza, conhecida como Daniela do Waguinho, Ministério do Turismo. Atualmente, o União Brasil tem como presidente nacional Antonio Rueda, que foi eleito em convenção realizada em fevereiro de 2024, em Brasília. ACM Neto ocupa a vice-presidência, e o senador Davi Alcolumbre (União-AP) é o secretário-geral.

Sendo Feira de Santana e Salvador os dois maiores colégios eleitorais do estado da Bahia, o governo federal vai abrir mão de uma candidatura amarrada ou atrelada ao governo central? É uma pergunta que tem tomado conta dos bastidores da política local e tem incomodado muitos políticos antigos e defensores da rivalidade política.

Em Feira de Santana, há mais de 20 anos que os políticos do União Brasil e aliados dominam o cenário político e estimulam a rivalidade política por serem mestres no uso da máquina para se perpetuarem no poder. Porém, um fato novo vem dominando a política local e certamente requer um pouco de atenção para se entender essa novidade política. Fogo amigo: a derrubada do líder local da direita começou dentro de casa.

Eleito em 2016 para o quarto mandato, Zé Ronaldo recebeu o chamado para encabeçar a chapa para o governo do estado em 2018. Para isso, ele precisou renunciar ao mandato ainda com 1,6 ano de governo. Foi neste período que pode ter se iniciado o plano de descarte político; nascia aí um novo modelo de política e parceria entre a direita e a esquerda na Bahia. Zé Ronaldo é visto como um político tradicional e, como tal, teria que ser escanteado e enfraquecido para ser substituído.

Ronaldo assumiu a posição que era de ACM Neto nas eleições de 2018 e disputou uma eleição totalmente perdida, visto que todos os números e indicadores já apontavam para uma dura e humilhante derrota. Zé Ronaldo foi sacrificado como um carneiro nas oferendas a deuses. ACM Neto se preservou da derrota e se preparou para as eleições vindouras de 2022.

Zé Ronaldo, afastado do poder e com a ‘asa quebrada’, se manteve nos bastidores se preparando para o seu maior desafio político: queria ser candidato a vice-governador ou a senador, seria uma espécie de recompensa por ter sido sacrificado para preservar ACM de uma humilhação nas urnas. O plano de isolamento e enfraquecimento da velha política em Feira de Santana estava fervilhando no caldeirão e poucos percebiam.

Chegado o momento das eleições de 2022, Zé Ronaldo foi ‘cozido em banho-maria’ e cometeu um grande erro: ficou na mesma sigla do candidato que disputaria o cargo máximo. Ali já foi o sinal de que o plano seguiria em sua perfeita órbita. Vencidos os prazos, Zé Ronaldo se viu preso ao União Brasil e não teve espaço para onde ir. Não deu outra: foi escanteado, enfraquecido e humilhado, não tinha o que dizer nem para onde ir, engoliu o choro e ficou debaixo das asas de ACM Neto.

Então, o plano tem que continuar e ACM Neto pode finalmente dar o xeque-mate e aposentar o velho tradicional político Zé Ronaldo na segunda maior cidade do Estado. O União Brasil pode compor com o candidato do governo federal, mantendo a boa e rentável parceria, e negar a legenda ao velho Zé Ronaldo.

Fim de linha para Zé Ronaldo, que teve quatro mandatos de prefeito e duas sucessões. Restaria a ele apoiar um de seus companheiros, o que neste caso seria Zé Chico (PDT), ou engolir o orgulho e apoiar a candidatura do deputado estadual Pablo Roberto (PSDB).

ACM Neto sabe que não há lugar nos tempos modernos para políticos turrões e de hábitos tradicionais e rivalistas. Também sabe pode que ido longe demais para voltar atrás; terá que mais uma vez sacrificar o carneiro se quiser se reerguer no altar da política. Ou ACM finaliza o que parece ser um plano bem planejado (tanto que Zé Ronaldo caiu sem perceber) ou pode criar um monstro para lhe enfrentar no futuro.

Zé Ronaldo não está bem politicamente em Feira de Santana, pela primeira vez se vê perdido no mato sem cachorro e desarmado, e ainda com um peso enorme sobre suas costas (as duas últimas gestões). Deixar Zé Ronaldo se reerguer soa como uma ameaça ao trono de ACM, pois, ressuscitado, Ronaldo pode iniciar uma espécie de vingança política contra aquele que o humilhou e representa um perigo do ressurgimento da velha política no Estado.

Então, é fim de linha para Zé Ronaldo ou ACM Neto vai arriscar e ajudar a reerguer aquele que ele derrubou? Não assanha Cobra.


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