Em uma demonstração clara de que o ego pode, sim, falar mais alto do que o bem-estar coletivo, Feira de Santana protagoniza um dos episódios mais controversos da sua história recente. A segunda maior cidade da Bahia, com cerca de 700 mil habitantes, acaba de recusar uma oportunidade estratégica para a construção de um hospital geral municipal. E o motivo? Uma decisão pessoal do prefeito José Ronaldo (União Brasil) que tem causado indignação entre especialistas, moradores e representantes da saúde pública.
O governador Jerônimo Rodrigues (PT) ofereceu ao município uma ampla área de terra pertencente ao Estado, localizada ao lado do Hospital Colônia Lopes Rodrigues, na Avenida Presidente Dutra. O terreno, de fácil acesso, fora da zona residencial e com potencial de expansão, seria o espaço ideal para a instalação de um hospital moderno, de grande porte, que atendesse de forma digna a população crescente da cidade.
Mas a proposta foi sumariamente rejeitada pelo prefeito. Em vez disso, José Ronaldo anunciou a construção do hospital em uma área urbana, no coração da cidade, nas instalações do antigo prédio escolar da API, na Avenida Maria Quitéria. A decisão foi recebida com espanto.
Além de não dispor do espaço adequado para um projeto robusto, a região já sofre com congestionamentos diários. A construção de um hospital nesse ponto tende a colapsar ainda mais o trânsito e afetar diretamente a qualidade de vida dos moradores da localidade. Mais grave ainda: o hospital anunciado terá apenas cem leitos — número completamente incompatível com a demanda atual e futura da cidade.
Fica a pergunta: por que rejeitar um terreno amplo, pronto para receber uma grande estrutura hospitalar, e optar por uma área limitada, cercada de obstáculos logísticos e sociais?
A escolha levanta suspeitas e críticas contundentes. Para muitos, a decisão do prefeito foi política, pessoal e estratégica — mas nada técnica. Especialistas apontam que a falta de visão a longo prazo poderá comprometer seriamente a saúde pública municipal. Em conversas de bastidores, até mesmo um pedido de impeachment começa a ser cogitado por vereadores da oposição, sob a alegação de “gestão temerária do interesse público”.
Enquanto isso, a população segue à espera de respostas. O que deveria ser um marco no avanço da saúde em Feira de Santana, corre o risco de se tornar um monumento à vaidade política.