A decisão do deputado estadual Pablo Roberto (PSDB) de não renunciar ao cargo para assumir a vice-prefeitura de Feira de Santana, para a qual foi eleito ao lado de Zé Ronaldo, provocou uma tempestade política. O vereador Sílvio Dias (PT) liderou as críticas, acusando Pablo de praticar um “estelionato eleitoral” e trair a confiança dos eleitores que depositaram nele suas esperanças nas urnas.
Para Dias, o ato é uma afronta à democracia e ao compromisso ético que deveria nortear os representantes eleitos. “O voto é um contrato de confiança entre o político e o eleitor, um compromisso que não pode ser ignorado ou desfeito após a eleição. Pablo Roberto, eleito como vice-prefeito, precisa vir a público e esclarecer sua posição. Vai honrar o mandato para o qual foi eleito ou opta por permanecer como deputado, traindo a confiança de quem acreditou em suas promessas? Feira de Santana exige ética, respeito e responsabilidade com o povo. Não podemos tolerar estelionato eleitoral!”, disparou o vereador em sessão.
A crise ganhou novos contornos após Pablo apresentar na Assembleia Legislativa uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que permitiria aos deputados estaduais assumirem cargos de secretários municipais sem renunciar ao mandato, desde que licenciados. Caso a PEC seja aprovada, Pablo pretende assumir uma secretaria municipal, sem ter que assumir a vice-prefeitura, ampliando as suspeitas de que sua candidatura ao lado de Zé Ronaldo foi uma manobra eleitoreira.
O movimento do deputado não foi bem recebido e alimentou os ataques. Durante a sessão ordinária desta quinta-feira (28), Sílvio Dias manteve o tom duro. “A aprovação dessa PEC seria uma afronta direta à vontade popular e ao próprio conceito de democracia. Feira de Santana não é palco para esse tipo de jogada política que desrespeita a inteligência do eleitor e quebra os pilares da confiança pública”, afirmou.
A polêmica levantada reflete um cenário de descrédito que atinge não apenas Pablo Roberto, mas também o próprio processo eleitoral em Feira de Santana. Para muitos, a questão é simples: o deputado deve decidir entre honrar o cargo para o qual foi eleito ou enfrentar a acusação de ter enganado a população em troca de conveniência pessoal.
Enquanto isso, o silêncio de Pablo Roberto sobre o tema reforça as dúvidas e dá munição às críticas de seus opositores. Feira de Santana aguarda uma resposta — e, mais do que isso, um gesto que demonstre respeito ao voto e às promessas feitas durante a campanha. Até lá, a polêmica promete se intensificar e manter o nome de Pablo Roberto no epicentro da controvérsia.