Feira de Santana, a maior cidade do Nordeste depois das capitais, enfrenta uma grave crise humanitária envolvendo os trabalhadores terceirizados da saúde municipal. Com os salários atrasados há três meses, os profissionais estão à beira do colapso, enquanto a gestão do prefeito José Ronaldo (União Brasil) parece fazer vistas grossas à situação.
Embora o gestor tenha tomado medidas para pagar os salários de funcionários de setores como educação e outras secretarias menores, a saúde — setor vital e já fragilizado — segue ignorada. “Pelo amor de Deus! Estamos pedindo socorro. Não sabemos mais a quem apelar. Estamos necessitados, sem salários desde novembro de 2024”, desabafou desesperada uma profissional da saúde.
A solução pelo prefeito, de quitar os subsídios gradativamente, só tem agravado o sentimento de injustiça. Funcionários de outros setores tiveram até os períodos de janeiro quitados antecipadamente, enquanto os da saúde permaneceram sem perspectivas. Para muitos, trata-se de uma escolha deliberada de priorização que soa como um tapa na cara dos profissionais que diariamente salvam vidas.
“Descobriu a cabeça e cobriu os pés”
A metáfora ilustra bem o cenário atual. Ao focar em resolver parcialmente os problemas de algumas categorias, a gestão municipal a saúde ainda deixa mais exposta e vulnerável. A verba carimbada para a área levanta suspeitas: por que o atraso? Por que essa negligência com uma categoria tão essencial?
A saúde pública de Feira de Santana já esteve envolvida em escândalos marcantes nos últimos anos. Será que o atraso no pagamento dos servidores terceirizados será mais um capítulo dessa triste história? A indignação cresce entre os trabalhadores, e o temor de novos desdobramentos judiciais ou até de uma intervenção da Polícia Federal paira no ar.
O apelo de quem clama por dignidade
Para os terceirizados, a situação vai além da profissional. É uma questão de sobrevivência. Sem salários há três meses, muitas dificuldades para pagar contas básicas e colocar comida na mesa. “Estamos com fome, e a prefeitura simplesmente nos ignora”, relatou outro trabalhador, em tom de desespero.
Enquanto isso, a população também sofre as consequências. A crise no pagamento afeta diretamente o funcionamento dos serviços de saúde, comprometendo o atendimento aos moradores e deixando a sensação de abandono generalizado.
Até quando?
A situação em Feira de Santana expõe as feridas de uma gestão que parece incapaz de garantir o básico aos seus trabalhadores mais essenciais. A pergunta que ecoa entre os terceirizados e a população é: até quando? Até quando aqueles que cuidam da saúde de todos terão que viver sem dignidade?
O prefeito José Ronaldo e sua equipe precisam dar respostas concretas e urgentes. Não se trata apenas de números e burocracia; trata-se de vidas. Afinal, quem cuida de quem cuida?