Qualquer semelhança é mera coincidência e deve ser esquecida ou avaliada como simples comparação equivocada. Há algum tempo, na língua portuguesa, os escritores usavam a palavra “estória” para definir algo fictício ou irreal. Neste texto, ela soa como uma dúvida, pois pode ser a realidade de muitos.
Embora soe como real, não passa de um personagem que pode coincidir com a realidade.
É o conto do Zé da Morte, esse ser que se apresentava como bonzinho na sociedade, mas era também um ser perverso e bastante cruel que se alimentava da fraqueza de alguns, que recebiam migalhas para defender e espalhar mentiras como verdades e a verdade como mentiras, a fim de confundir a massa e manter no poder o ser cruel.
Zé da Morte era manso no falar, mas arrogante e infiel com seus liderados. Gostava de cortar as asas daqueles que ousavam crescer em seu grupo ou que ameaçassem sua soberania. Ele, um ser extremamente negacionista e teimoso, usava o dinheiro suado da população para fazer obras de fachada e experimentos que não levavam a lugar nenhum.
O Zé da Morte adorava ver o povo mendigar por um tratamento ou atendimento na saúde. Fechou o único espaço que servia de referência para atendimento básico das crianças, deixando-as vulneráveis a mendigar uma consulta em UPAs ou policlínicas do vilarejo, que mal tinham medicamentos e materiais de insumo; faltava até gaze para um curativo ou fita para medir a glicemia. Miserável sanguinário, também não permitiu que seu aliado e sucessor construísse um hospital, colocando na cabeça dos seus seguidores que a cidade não tinha condições de manter um hospital municipal em funcionamento. Apesar de tratar seus liderados “zumbis” como escravos, dando migalhas para alimentarem suas mentiras e perversidades, ele comandava um município bilionário, mas o dinheiro não chegava à ponta para atender as reais necessidades do povo.
O ser que fecha um hospital, nega a construção de outro e permite que as únicas unidades de saúde que estão com as portas abertas sirvam apenas de cabide de emprego e sem eficiência, tem que ser o senhor da morte. O Zé da Morte, além de não dar assistência básica de saúde, permite ataques às verbas da saúde a ponto de os órgãos da justiça processá-lo e incluí-lo no rol dos que desviaram milhares de estalecas exatamente da saúde. Dezenas foram presos, mas Zé da Morte nega participação e se diz inocente: “não sabia de nada”. É bom lembrar que Zé da Morte adora festas para comemorar suas conquistas contra o povo pobre, celebrando em lavagens e outras festinhas patrocinadas por ele. A comemoração é desde o aumento da fila de espera por cirurgias, graças ao negacionismo implantado por ele nas unidades básicas de saúde. Assim, o povo adoece e não tem tratamento básico, engordando as filas enormes de espera por um socorro que muitas vezes já é tarde demais. O Zé da Morte ainda joga a culpa em quem matém dois hospitais e uma UPA socorrendo suas vitimas.
Apesar de ser apenas um conto, uma história de ficção, pode coincidentemente parecer com alguma situação na vida real de algum povo por esse mundo afora. Para finalizar a estória, Zé da Morte, que havia abandonado seu vilarejo em busca de ampliar seu reino de perversidade, foi derrotado, humilhado e agora quer voltar à cena do crime para, mais uma vez, prosperar sua maldade contra o povo.