Uma camelô, transferida do centro da cidade para o Shopping Popular, foi a primeira testemunha a ser ouvida pela Comissão Parlamentar da Câmara criada para investigar denúncias de irregularidades por parte da gestão do equipamento e também no contrato firmado pelo consórcio empresarial com a Prefeitura de Feira de Santana. Luzia dos Santos Silva prestou depoimento na tarde de ontem (31) aos integrantes da CPI – presidente Jhonatas Monteiro (PSOL), relator Luiz da Feira (Avante) e ao membro Sílvio Dias(PT). Seriam ouvidas na mesma audiência três pessoas contratadas pelo consórcio. No entanto, não compareceram, nem justificaram a ausência.
Para a oitiva desta quarta-feira (1), às 14h, foram convocados dois camelôs do Setor de Artesanato e pessoas ligadas ao processo do Shopping Popular: Licia Maria Jorge, Lucas Henrique Santos Soares, Adriana Estela Assis (presidente da comissão de licitação quando se encaminhou a parceria entre a Prefeitura e o Consórcio) e Cleudson Santos Almeida (procurador do Município à época e atual superintendente Municipal de Transporte e Trânsito). Está reconvocado o secretário Municipal de Planejamento, Carlos Alberto Oliveira Brito, para depor na condição de testemunha por ter sido o presidente do Conselho Gestor das Parcerias Público Privadas (PPPs).
Luzia, que atuou por um ano e quatro meses no local (de dezembro de 2020 a abril de 2022), fez um relato do que vivenciou neste período. Segundo ela, a falta de público e de vendas acabou gerando imensas dificuldades para os que aceitaram ir para o empreendimento. Em razão disso, a classe sofre acúmulo de dívidas e decepção pela “diferença entre o prometido e a realidade”. Antes da experiência, ela vendia aparelhos eletroeletrônicos novos e usados no fundo do Mercado de Artes, junto com o marido, que iniciou as atividades em 1992. Por meio deste trabalho, criaram dois filhos, adquiriram casa própria e mantiveram o sustento da família de forma satisfatória.
No entanto, o esposo dela “se viu obrigado” a assinar o contrato com o consórcio gestor, porque a proposta foi “ou assina e recebe a chave, ou não terá mais direito ao box e mesmo sem possuir o conhecimento devido do documento, ele assinou”. Garantiu que não houve discussão prévia de cláusulas contratuais nem de valores a serem pagos.Após ocupar um espaço de cinco metros, na rua 33 do entreposto comercial, afirmou a depoente, as vendas caíram e passou a se sentir constrangida por não conseguir quitar sequer as despesas de casa. “Para os senhores terem uma noção, durante este período que fiquei no empreendimento eu vendi apenas R$ 724. Tinha que pagar todo mês um boleto de R$ 189,90 referente a valor de condomínio, entre outras despesas, que em média ultrapassavam R$ 2 mil no total”, revelou.
Ascom