De acordo com a Rede de Observatórios da Segurança, a Bahia é o estado mais letal do Nordeste para a juventude negra. Essa estatística motivou a realização de uma audiência pública da Comissão de Direitos Humanos e Segurança Pública da Assembleia Legislativa, nesta terça (26). O proponente do encontro foi o deputado Hilton Coelho (Psol).
Segundo o socialista, diante do triste cenário de violência que atinge a juventude negra e suas famílias na Bahia, urge que a Casa tome a iniciativa de iniciar a apuração de levantamento de dados mais precisos sobre o genocídio da juventude negra, fazendo um diagnóstico do atual quadro de mortes na Bahia, para que se possa apontar medidas preventivas e de valorização e priorização da vida da juventude negra e periférica. Além disso, prossegue Hilton, é preciso alertar o Estado sobre a necessidade de se tomar medidas estruturais para combater a violência e a criminalidade existente, coibir e responsabilizar os agentes incumbidos de garantir a segurança pública, envolvidos em casos de violência, abusos e desaparecimentos.
O parlamentar defende a instalação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar as constantes mortes de jovens negros e periféricos, em muitos casos, praticadas pelo Estado.
O pedido para instalação da CPI foi um clamor unânime das mães, familiares e movimentos da sociedade civil que se revezaram nas falas durante a audiência para falar dos maus tratos deferidos por policiais militares, civis e dos guardas municipais de Salvador aos moradores da periferia.
Para tentar diminuir os números da violência policial citada, o deputado Hilton Coelho citou indicação endereçada por ele ao governador da Bahia, Rui Costa, solicitando a implantação de sistema de vídeo e áudio nas viaturas automotivas, nas aeronaves e nos uniformes de todos os policiais militares e dos policiais civis, estes quando em grandes operações na Bahia. São Paulo, Santa Catarina e Rondônia são os estados brasileiros que já aderiram ao uso das câmeras nos fardamentos e já apresentam redução nos índices de mortes nas periferias e de morte dos próprios agentes de segurança.
Coronel da PM da Bahia, Roberto Fiuza da Silva, diretor do Departamento de Polícia Comunitária e Direitos Humanos, afirmou que a polícia está criando o hábito de ouvir as pessoas para construir uma sociedade melhor. Ele destacou, porém, que não pode responder por mais de 30 mil soldados que estão na corporação e que não pode ter respostas conclusivas sobre as reclamações dos movimentos sociais. “A Polícia Militar da Bahia não coaduna com práticas violentas dos seus policiais”.
A ausência de representante da Secretaria de Segurança Pública na audiência foi citada e sentida pelos presentes.
“É preciso