Um dos mais antigos distritos feirenses, Jaguara foi homenageado pela Câmara de Feira de Santana, em sessão especial realizada na noite desta quarta-feira (5). As galerias e o plenário ficaram completamente lotados, com as presenças de ilustres jaguarenses, autoridades e representantes de diversas instituições, para a cerimônia comemorativa pelos 147 anos de existência daquele distrito. O prefeito Colbert Filho, o procurador-geral do Município, Augusto Leal, a historiadora Layse Santana Santos, o professor Edmundo Reis Carvalho e o major Reis (Robson Antônio Oliveira dos Reis), que representou a Polícia Militar, formaram a Mesa de Honra.
Layse Santana realizou um estudo científico sobre a história de Jaguara, a partir do ano de 1859, portanto, quase duas décadas antes da fundação do distrito, datada de 1877. A pesquisa de campo, que contou com a colaboração de vários moradores, transformou-se em um livro. Localizado ao norte do município, Jaguara, inicialmente deno minado Bom Despacho, é palco de festejos populares tradicionais, como a Missa do Vaqueiro, com seus aboios, trajes típicos e elegantes cavalos, os festejos juninos e a Bata do Feijão – esta, uma cultura preservada em Morrinhos, primeiro dos seus povoados, nascido com o nome Santa Cruz da Vitória.
A historiadora iniciou por aquela comunidade um recorte, em seu pronunciamento, para tratar dos diversos povoados do distrito, a exemplo de Rio do Peixe, assim oficializado em 1978, sucedendo a antiga denominação, Lagoa da Onça. Ali, há vestígios de uma cerca de pedra que teria sido construída através de trabalho escravo. Hoje Lagoa D’água, elevado a povoado em 1990, antigamente foi chamado Penicaria porque, segundo a pesquisa da historiadora, um morador consertava penicos, também conhecidos como bacios. O local mantém a tradição do carro de boi e do forró pé de serra nas casas dos moradores, durante os festejos juninos.
Destacou Barra, mais um importante povoado jaguarense, berço do artesanato regional. Falou também de Sete Portas (em sua origem conhecido como Cacete Armado), que por muitos anos foi local de grande feira de gado, que era prestigiada pelos criadores de cidades da região como Santa Bárbara e Tanquinho. Casas de farinha ainda resistem por lá e estão entre suas atrações. A Caverna do Miquito, que atrai curiosos, no passado teria sido usada por escravos em fuga.
A escravidão, por sinal, segundo lembrou Layse, tem marcas ainda hoje presentes em Jaguara, elevada à condição de distrito por decreto provincial em 1877 – apenas 11 anos atrás, havia sido abolido o regime escravista no país. Há vestígios de senzala, segundo ela, na Pedra D´agua, conforme pôde documentar através de fotografia produzida em meados de 1859. Em 1960, ela acrescenta, a Igreja Católica registra batismos de escravizados em 1860.
Ao final da sessão, medalhas comemorativas pelo aniversário do distrito foram entregues pela Câmara a dezenas de personalidades que contribuíram, ao longo deste período, para o desenvolvimento local. Para encerrar a cerimônia, o jovem poeta Madson Miranda fez a leitura de um poema feito exclusivamente para a ocasião, em que retrata a história, belezas naturais e o povo daquele distrito.
Ascom