Publicidade
Publicidade

Para aumentar número de médicos, governo vai antecipar formatura de estudantes

Osvaldo Cruz
7 Min Leitura

Mesma medida foi tomada na Itália, onde há a maior crise do mundo. Ao lado de Bolsonaro, Mandetta tirou dúvidas de prefeitos no combate ao coronavírus.

Em teleconferência com prefeitos de capitais do país, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, disse, neste domingo, que vai antecipar a formatura de estudantes de medicina no país para o enfrentamento da pandemia do novo coronavírus. A mesma medida já foi tomada na Itália, onde há a maior crise do mundo, com recorde de mortos pelo vírus.

Ao lado do presidente Jair Bolsonaro, Mandetta comandou uma conversa com os prefeitos e tirou dúvidas sobre políticas públicas. Ele disse que estudantes do último ano de curso podem ser fundamentais no enfrentamento à epidemia.

— Nós vamos antecipar os meninos do sexto ano que falta um mês para se formar. Vamos acelerar. Esses meninos são jovens.  Eles não têm experiência, mas eles podem fazer uma parte do atendimento. Eles tem 7.300 horas de capacitação. Faça uma imersão para eles. Não para o CTI, não para pilotar um aparelho multiparamétrico, mas ele pode muito bem ajudar — disse.

Procurado, o Ministério da Educação (MEC) informou que está realizando estudos e análises sobre a medida. Entretanto, a pasta ainda não dispõe de um levantamento sobre quantos alunos e universidades seriam seriam afetados pela diretriz. Essa e outras ações devem ser anunciadas pelo MEC na segunda ou terça-feira, após reunião do comitê de crise criado para combater o vírus.

Durante a conversa, o ministro da Saúde disse que o país terá uma política pública integrada para enfrentar a crise. Ele falou sobre a dificuldade de comprar equipamentos de segurança, como máscaras, e a estratégia de combate ao coronavírus.

— No início nós percebemos que no mundo estavam fazendo ataque especulativo em cima de equipamentos de proteção individual. Se continuar essa loucura, nós vamos ter shortage (escassez). Os Estados Unidos entraram com uma política de hipercompra. O mundo está comprando o que tem no mercado. Ontem, (Donald) Trump anunciou compra de máscaras, para você ver o stress do mercado. Então nós fizemos o máximo de compra. Esse final de semana já mandamos para as secretarias de estado uma compra de equipamentos para iniciar uma regularização — disse Mandetta.

Mandetta reforçou que é importante que os idosos se vacinem. Ele explicou que é preciso diminuir as internações por H1N1 e outras gripes para abrir espaço nos hospitais para pacientes com coronavírus. Além disso, disse que a “coinfecção” da covid-19 e outra gripe potencializa os perigos para idosos. Ele disse não ter informações, por exemplo, sobre o programa de vacinas em São Paulo, que, segundo o ministro, vai decretar quarentena no domingo e na segunda. O prefeito de São Paulo, Bruno Covas, não estava presente por causa da morte de sua avó.

— Amanhã abre a campanha de saúde do idoso e profissionais de saúde. E na sequência outras. Não sei como São Paulo, a mim não me comunicou como será a estratégia, que vai decretar a quarentena no domingo e na segunda, vai vacinar os idosos. Vai vacinar casa a casa? Ou vai todo mundo para a rua para vacinar? vai descentralizar ao máximo em farmácias? Depois vai vir a segunda e terceira levas de vacinas. Nós vamos vacinar durante 40 dias. Então temos que ter um plano pra isso — disse Mandetta.

Já o prefeito do Rio, Marcelo Crivella, pediu renovação automática dos profissionais do Mais Médicos e disse que vai fazer vacinação drive-thru (dentro de carros). Mandetta afirmou que iria verificar as possibilidades de renovação do contrato de médicos e também anunciou a distribuição de um kit proteico para idosos, com barras de cereal e outros alimentos. O ministro também demonstrou preocupação com a compra em massa de álcool líquido. Disse que não vai ter espaço em leitos para acidentados em incêndios.

Ao comentar a estratégia geral para o combate ao vírus, Madetta relatou que o Brasil começou a enfrentar o problema alinhado ao modelo inglês, que prevê menos restrições em relação à mobilidade da população. Entretanto, ele informou que a orientação mudou, inclusive para os britânicos.

 Essa semana a Inglaterra muda e passa a admitir também essas interrupções (de circulação de pessoas). Mas fazendo de uma maneira em que se comunica previamente à população. Já resguarda toda a parte que você pode e deve resguardar. E falando: “nós vamos começar hoje e vamos ficar duas semanas”. Aí para e dá uma semana para você se reorganizar, porque quarentena contínua é muito fácil de decretar o primeiro dia. Mas é muito difícil de saber quando se suspende. É fácil decretar e fechar. O duro é dar ordem para reabrir. Então precisamos todos trabalhar tecnicamente — disse o ministro.

Mandetta disse ainda que deve fazer repasses de recursos livres numa conta “coronavírus” para que os municípios possam alocar sem burocracia o dinheiro em necessidades urgentes.

Em pouco mais de duas horas e meia de teleconferência, Bolsonaro só falou sobre o assunto no início e saiu antes do fim da conversa. Quando abriu a transmissão, o presidente criticou medidas de governadores, como fechamento de aeroportos e estradas. Como vem fazendo nos últimos dias, também se preocupou em dizer que o pânico pode atrapalhar o enfrentamento ao vírus.

— Não podemos, me desculpem senhores prefeitos, criar um clima de alarmismo no Brasil, porque a grande vítima disso são os empregos. Algumas autoridades têm tomado a providência no Brasil de fechar estradas, o tráfego entre municípios, e isso vai acabar levando ao caos — disse Bolsonaro.

 

 

Compartilhe este artigo