O governador Rui Costa tem uma predileção, quase que patológica, pelas Parcerias Público-Privadas (PPP). Já ataquei, anteriormente, a PPP da Arena Fonte Nova, demonstrei riscos de uma PPP que está sendo gestada para a Ponte Salvador-Itaparica, e, em momento oportuno, vou dissecar a PPP do Sistema Metroviário de Salvador e a PPP do Hospital do Subúrbio.
Uma coisa é fato: os modelos adotados não se revelaram convenientes do ponto de vista da economicidade. Ocorre que o modelo petista de governar, com ênfase nas PPP’s, têm feito escola, contaminando outras administrações no Estado da Bahia. É o caso de Feira de Santana, que, lá atrás, em 2014, aprovou uma PPP para a construção de um Centro Popular de Vendas, que visa relocar os ambulantes e artesãos da cidade, atualmente alojados no centro daquela Princesa do Sertão.
Parece um projeto inocente e útil, mas não é a realidade. Em 2014, a Câmara dos Vereadores de Feira de Santana aprovou Lei autorizando o prefeito a ceder uma área de trinta mil metros quadrados, pertencente ao Centro de Abastecimento da cidade ao consórcio vencedor da licitação. Segundo informações, uma empresa que pertence aos chineses, que são liderados por um tal de Elias Tergilene.
Além da doação de área que é patrimônio cultural da população feirense, onde funcionava um Teatro de Arena, o Pavilhão de Artesanato e a Capela de Santa Bárbara, que foram todos destruídos, o município de Feira de Santana, inexplicavelmente, com a autorização da Câmara Municipal, ainda deu aos chineses a cifra de treze milhões de reais, já pagos na integralidade.
Com a doação de área valiosa de trinta mil metros quadrados mais os treze milhões de reais já pagos pela prefeitura, imaginava-se que o Shopping Popular seria, de fato, uma construção popular para resolver o problema dos artesãos e ambulantes, ora mal alojados no centro da cidade. Ledo engano. Os chineses estão com a faca amolada a cravar no peito dos feirenses.
As autoridades, notadamente aquela do Executivo feirense, estão caladas, silentes, como em verdadeira combinação com os chineses.Chinês quer dinheiro e prefeito fecha os olhos.
Aquele Centro de Abastecimento, maior entreposto comercial do Norte-Nordeste do país, foi construído na década de setenta pelo ex-prefeito José Falcão em convênio com o Governo Federal. Os políticos atuais já o destruíram, entregando-o aos chineses.
Os camelôs, ambulantes e artesãos estão a fazer protestos na cidade, mas quem tem que resolver o problema gerado para os patrícios feirenses é o prefeito Colbert Martins, não os chineses. Enfim, esses últimos vieram a Feira de Santana ganhar dinheiro, e estão a ganhar muito.
Soube através de depoimentos de ambulantes que os chineses estão cobrando valores extorsivos pelos boxes, que deveriam ser populares, com preços acessíveis, até porque, subsidiados pela prefeitura, em terreno da prefeitura e com treze milhões em suas contas bancárias.
Para não denunciar sem provas, pedi a um conhecido corretor da cidade para fazer uma visita ao Shopping Popular e me trazer um orçamento para o aluguel de dois espaços: um com trinta metros quadrados e outro com cem metros quadrados.
Uma área de trinta metros quadrados me foram passados os seguintes valores:
Luva: R$ 6.5 mil por metro quadrado (valor total de R$ 195 mil)
Aluguel mensal: R$ 120 por metro quadrado (R$ 3.6 mil)
Condomínio: R$ 25 por metro quadrado (R$ 750)
Taxa de propaganda: 5% sobre o condomínio (R$ 37,50)
Os valores para a área de cem metros quadrados são os seguintes:
Luva: R$ 6.5 mil por metro quadrado (valor total de R$ 650 mil)
Aluguel mensal: R$ 120 por metro quadrado (R$ 12 mil)
Condomínio: R$ 25 por metro quadrado (R$ 2.500)
Taxa de propaganda: 5% sobre o condomínio (R$ 125)
Após ilustrar esse absurdo que está acontecendo em Feira de Santana, pergunto: onde está o Ministério Público? Estamos em um Estado sem leis?
Estão cobrando dos ambulantes por cada três metros quadrados mais de quinhentos reais por mês.
Isso me parece que tem coisa errada!
Precisamos apurar.
Ascom\Targino Machado