A psicóloga e mestranda em Ciências da Educação, Ana Rita Antunes, iniciou a palestra explicando que o termo autismo foi utilizado pela primeira vez em 1906 sendo associado a esquizofrenia. Em 1946, o psiquiatra Leo Kanner, após observar 11 crianças, descreveu o comportamento que percebemos atualmente comprometimento na linguagem, na interação social e a estereotipia.
De acordo com ela, a estimativa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) é que 1% da população brasileira tenha autismo, aproximadamente 2 milhões de pessoas. “Os números vêm crescendo e estão pesquisando as causas deste avanço. Mas não me importa, no momento, quais são as causas. O que me importa é o que vem sendo feito pela causa, por estas crianças, por estas mães destas crianças”, frisou.
Ela observou que até pouco tempo os autistas viviam em instituições próprias, não frequentavam espaços públicos. “Hoje nossos autistas estão em todos os espaços públicos, frequentando a rede escolar regular. Os autistas mudaram? Não! A sociedade é que está mudando. O autista, não necessariamente, precisa se adequar a sociedade. A sociedade precisa se adequar ao autista. Por mais que estas crianças tenham estimulações, terão comportamentos que são do autistas”, analisou.
A palestrante ressaltou a importância do diagnóstico precoce, para que as atividades e estímulos sejam iniciados o quanto antes. “A estimulação, comprovadamente, pode tirar de um quadro severo e levar para um caso leve”, disse.
Ela afirmou que há muito o que se comemorar e que as políticas públicas inclusivas estão sendo disseminadas. “Mas as políticas precisam, de fato, sair do papel. Não basta apenas matricular. Matricular não é incluir. É apenas colocar mais uma cadeira na sala de aula, mais um aluno. Inclusão é adequação. Para que a pessoa, com todas as suas limitações, tenha acesso ao conhecimento que está sendo oferecido” concluiu.
O vereador Cadmiel Pereira (PSC), autor do requerimento para realização da sessão, informou que estamos na “Semana Municipal Olhares sobre o Autismo”, que visa discutir, entre outros assuntos, os desafios e a necessidade do atendimento multidisciplinar. Ele ainda registrou que a Organização das Nações Unidas (ONU) instituiu 02 de abril o Dia Mundial da Conscientização do Autismo
“Em Feira de Santana a discussão e ampliação deste debate possui um divisor de águas, um marco. A criação da Família Azul há cinco anos”, afirmou o parlamentar. Ele acrescentou que a diversidade deve ser respeitada e as necessidades básicas das pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) devem ser supridas pelas políticas públicas.
Cadmiel falou sobre o projeto de lei, de sua autoria, para criação do cartão de identificação da pessoa com TEA – que tramita na Câmara- e destacou que seu mandato luta pela garantia de direitos destas pessoas.
Ele finalizou celebrando a homologação para licitação da construção do Instituto do Autismo de Feira de Santana. O vereador também convidou os presentes para caminhada que ocorrerá domingo (07), na avenida Getúlio Vargas, a partir das 09 horas. A concentração será nas imediações do Feira Palace Hotel com destino ao estacionamento da Prefeitura.
A presidente do Instituto Família Azul, Cíntia Souza, agradeceu a Cadmiel e aos vereadores Roberto Tourinho (PV) e Gerusa Sampaio (DEM) – presentes na sessão- pela participação ativa na luta pelos direitos das pessoas com TEA. “Hoje temos muito o que comemorar. O que agradecer. Os avanços são visíveis. Meu filho estuda na rede Municipal e ele é assistido. Não só para o meu, mas também para as mães que fazem parte da Família Azul os filhos têm mediação”, disse Cíntia, que estendeu seus agradecimentos ao ex-prefeito José Ronaldo, ao prefeito Colbert Martins, ao secretário de Desenvolvimento Social Ildes Ferreira e a secretária de Saúde Denise Mascarenhas
A sessão foi conduzida pelo presidente do Legislativo, vereador José Carneiro Rocha. A Mesa Diretiva ainda foi composta pela presidente do Instituto Família Azul Cíntia Souza, a palestrante Ana Rita Antunes e a representante do Conselho Municipal das Pessoas Portadoras de Deficiência e da secretária Municipal de Saúde Denise Mascarenhas, a enfermeira Monalisa Oliveira e Silva.
Ascom