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Em debate, Bolsonaro cita passagem bíblica para justificar armamento

Osvaldo Cruz
3 Min Leitura

naom_5b50cb62d9675deputado Jair Bolsonaro (PSL) explicou o que quis dizer com a frase “Leia o Livro de Paulo”, que proferiu a Marina Silva (Rede) durante discussão sobre direitos da mulher e violência, em debate organizado pela RedeTV com candidatos ao Planalto, na noite dessa sexta-feira (17).

“Paulo fala: ‘venda suas capas e compre espadas’. Está na Bíblia” afirmou o presidenciável a ‘O Globo’. “A Bíblia é nossa caixa de ferramenta. Quando ela (Marina) disse que eu estava errado em falar em armamento, na Bíblia tem essa passagem”, continuou Bolsonaro.

Como explica a publicação, a passagem mencionada pelo deputado pertence ao Evangelho de Lucas, capítulo 22, versículo 36. O trecho narra uma conversa entre Jesus Cristo e seus discípulos depois da Última Ceia, em Cristo diz a seus apóstolos: “Agora, porém, o que tem bolsa, tome-a, como também o alforge; e o que não tem dinheiro, venda a sua capa e compre espada”.

O doutor em Teologia Bíblica Waldecir Gonzaga citou que, no mesmo capítulo, versículo 49, o apóstolo Pedro machuca a orelha de um soldado com uma espada. Jesus coloca a mão na orelha do soldado, cura o ferimento e proíbe o uso da violência pelos apóstolos.

Gonzaga explicou a ‘O Globo’ que é preciso cuidado para interpretar a Bíblia: “A questão mais complicada é esse apelo ao religioso para justificar qualquer coisa. Os textos sagrados, as sagradas escrituras, são trimilenares ou bimilenares. Temos, no mínimo, dois mil anos de diferença. Elas precisam ser analisadas dentro do contexto da época e não apenas literalmente. Não condeno o candidato por errar a passagem. Não tenho dúvidas de que o século XXI será o mais religioso depois do período medieval. O problema é o mau uso que estão fazendo da religião. Os governantes precisam pensar antes de falar”.

Bolsonaro e Marina se enfrentaram no debate ao discutirem diferença salarial entre homens e mulheres no país. Sobre a violência, a candidata da Rede criticou a postura do deputado de “pegar a mãozinha de uma criança e ensinar como é que faz para atirar”. Sem tempo para resposta, o deputado encerrou a discussão com uma menção à Bíblia: “Leia o livro de Paulo”.

 

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