O ex-presidente Lula adiou em 21 dias a caravana para os Estados do Sul. Originalmente programada para o dia 27 de fevereiro, terá seu início no dia 19 de março, em Bagé. O líder do PT na Câmara, Paulo Pimenta (RS), disse que a decisão atende a um pedido dos organizadores.
Segundo Pimenta, havia descompasso da agenda com o período letivo. “Há muitas atividades em universidades e há algumas em período de férias”, justifica.
O site do Instituto Lula diz que “a viagem será postergada para ajustar o roteiro ao calendário estudantil”. Além disso, segundo o instituto, “a alteração das datas vai ao encontro da agenda de outros líderes latino-americanos, que devem participar da caravana em Porto Alegre e na cidade de Santana do Livramento -onde Lula vai se reunir com o ex-presidente uruguaio Pepe Mujica”.
Segundo Pimenta, está mantida a programação de encerramento da caravana em Curitiba, endereço do juiz Sergio Moro, que condenou Lula em primeira instância.
Presidente do PT de Santa Catarina, o deputado federal Décio Lima explicou que a ideia também é ganhar tempo para organização de uma comitiva estrangeira que acompanhará Lula durante a caravana. “A intenção é ter acompanhamento da imprensa internacional nesta etapa”, disse.
SÍTIO
Nesta sexta (16), o doleiro Alberto Youssef e o ex-presidente da Camargo Corrêa, Dalton dos Santos Avancini, colaboradores da Lava Jato, disseram a Moro que desconhecem a realização de obras em um sítio em Atibaia (SP).
Ambos prestaram depoimento como testemunhas de acusação na ação penal que investiga se Lula se beneficiou de R$ 1,02 milhão em benfeitorias no sítio, que teriam sido pagas pelas construtoras Odebrecht e OAS.
No processo, Lula é acusado de corrupção e lavagem de dinheiro. De acordo com a Procuradoria, os valores usados nas reformas teriam vindo de contratos das empreiteiras na Petrobras, e repassados como vantagem ilícita ao ex-presidente.
Avancini e Youssef, questionados pela defesa de Lula, afirmaram que tais obras nunca foram mencionadas em reuniões que participaram sobre contratos firmados pela Petrobras.
Prestaram depoimento na mesma ação o ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco e o ex-diretor de Petrobras Paulo Roberto Costa. Os dois descreveram o esquema de pagamento de propina por empreiteiras na estatal e disseram ter tomado conhecimento do caso do sítio de Atibaia apenas por meio da imprensa.
O advogado do ex-presidente, Cristiano Zanin Martins, disse que os depoimentos reforçam que “a escolha do juiz Sergio Moro para julgar a ação pelo Ministério Público não tem qualquer base real”.
A defesa afirma que Lula não é proprietário do sítio e que o petista e familiares frequentaram o local como convidados da família do empresário Fernando Bittar, “em razão de uma amizade de mais de 40 anos”.
Com informações da Folhapress.