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MP denuncia Geddel por tentar obstruir delação de Lúcio Funaro

Osvaldo Cruz
4 Min Leitura

AAqcUl5O Ministério Público Federal apresentou à Justiça denúncia contra o ex-ministro Geddel Vieira Lima, ex-titular da Secretaria de Governo de Michel Temer. Ele é acusado de obstruir a justiça e tentar barrar as negociações para a delação premiada do operador financeiro Lúcio Funaro.

Funaro é considerado um homem-bomba para políticos do PMDB por conhecer como poucos os meandros do funcionamento da organização criminosa que atua em esquemas ilícitos na Caixa Econômica e no Fundo de Investimento do FGTS. Ele tenta fechar um acordo de delação que promete escancarar sua atuação como operador financeiro do ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e de políticos peemedebistas em esquemas criminosos, intermediando interesses de empresas dispostas a pagar propina para ter seus interesses atendidos.

De acordo com o MP, Geddel, que sabia do poder de fogo de Funaro, atuou deliberadamente para dificultar e atrasar as investigações de crimes praticados por empresários, empregados públicos com ingerência na Caixa e no FGTS, agentes políticos e operadores financeiros. A principal estratégia de Geddel para travar as investigações, disse o Ministério Público, foi atuar para constranger Lúcio Funaro e impedir que ele fechasse um acordo de delação.

Embora não tivesse proximidade com a esposa de Funaro, Raquel Pitta, Geddel passou a telefonar recorrentemente a ela, sondando sobre a disposição do operador de revelar o que sabe às autoridades. De 1º de junho de 2016, data de prisão de Funaro, a 3 de julho de 2017, quando o próprio Geddel foi detido por ordem da justiça, as sondagens de Geddel foram frequentes. De maio a junho deste ano, foram 17 contatos telefônicos em 19 dias.

“Após a prisão [de Funaro], Raquel passou a receber insistentes ligações do denunciado, que trouxe incômodos aos envolvidos (no caso, Raquel Pitta e Lúcio Funaro) e, principalmente, o sentimento de que Geddel Quadros Vieira Lima estava monitorando-os, buscando não só saber o ânimo de Lúcio Funaro em colaborar com as investigações como também incutir a ideia de que qualquer desvio de lealdade poderia gerar consequências ao custodiado e a sua família”, disse o Ministério Público na denúncia.

Para Funaro, a ofensiva de Geddel demonstrava que ele podia causar retaliações a si e a sua família, seja por avaliar que o ex-ministro tinha grande influência no governo Temer, seja por ele ser “amigo íntimo” do atual presidente. “Embora possuísse uma amizade com Geddel Vieira Lima, e não houvesse manifestações expressas de uso de violência por parte dele ou de outra pessoa, essas ligações insistentes por parte de Geddel, provocava no declarante [Funaro] um sentimento de receio sobre algum tipo de retaliação caso viesse a fazer algum acordo de colaboração premiada, tendo em vista que Geddel era membro do 1º escalão do governo e amigo íntimo do presidente Michel Temer, e considerava possível que Geddel ou outros ligados a ele pudesse, exercer influências políticas sobre algum órgão ou até mesmo o Poder Judiciário, a fim de prejudicar o declarante, no caso de resolver firmar acordo de colaboração premiada”, diz trecho do depoimento de Lúcio Funaro às autoridades.

Geddel foi vice-presidente de Pessoa Jurídica da Caixa, cargo que tinha como atribuições analisar a liberação de empréstimos a empresas. O período em que o ex-ministro ocupou o cargo é investigado pelo Ministério Público e também coincide com a época de atuação de Funaro no banco público.

VEJA.com

 

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