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Operação Lava Jato mira agora o “padrinho” da propina do PMDB

Osvaldo Cruz
12 Min Leitura

AAnkiBeO ex-diretor da área Internacional da Petrobras e colaborador da Justiça, Nestor Cerveró, afirmou em seus depoimentos que Luz teria repassado cerca de 6 milhões de dólares ao ex-presidente do Senado Renan Calheiros (PMDB-AL) – algo que o parlamentar nega. O dinheiro seria usado na campanha eleitoral do peemedebista. Em nota, Renan afirma que “a chance de se encontrar qualquer irregularidade em suas contas pessoais ou eleitorais é igual a zero” e que “todas as suas relações com empresas, diretores ou outros investigados não ultrapassaram os limites institucionais”.

O ex-diretor da área Internacional da Petrobras e colaborador da Justiça, Nestor Cerveró, afirmou em seus depoimentos que Luz teria repassado cerca de 6 milhões de dólares ao ex-presidente do Senado Renan Calheiros (PMDB-AL) – algo que o parlamentar nega. O dinheiro seria usado na campanha eleitoral do peemedebista. Em nota, Renan afirma que “a chance de se encontrar qualquer irregularidade em suas contas pessoais ou eleitorais é igual a zero” e que “todas as suas relações com empresas, diretores ou outros investigados não ultrapassaram os limites institucionais”.

Renan já foi denunciado pela Lava Jato em outro inquérito e é réu pelo crime de peculato no Supremo Tribunal Federal. No total, a procuradoria acredita que diversos senadores da legenda e diretores da estatal tenham embolsado mais de 40 milhões de dólares entregues pelos Luz. “Há estimativas de que essas pessoas movimentaram em torno de 40 milhões em pagamentos indevidos”, afirmou procurador Diogo Castor, sem mencionar o nome de nenhum político. No despacho de Moro autorizando as ações da PF desta quinta, no entanto, o nome de Renan aparece seis vezes em diferentes contextos, mas sempre relacionado a Jorge Luz. Além de Renan, o nome de Jader Barbalho (PMDB-PA) também aparece em delações como sendo o destinatário de propinas repassadas por Luz.

É a segunda operação seguida ligada à Lava Jato que atinge, ainda que indiretamente, nomes de caciques peemedebistas. Na semana passada foi a vez da Leviatã, que investiga pagamentos de propinas para a construção da hidrelétrica de Belo Monte, no Pará, e da usina nuclear de Angra 3, no Rio de Janeiro, chegar ao clã do senador Edison Lobão (PMDB-MA).

“Pai e filho atuavam de forma conjunta e faziam o meio campo entre os que queriam pagar propina e os que queriam receber os valores ilícitos”, disse o procurador Castor sobre o esquema. Além de auxiliar o pai Jorge Luz, o MPF afirma que Bruno é sócio do filho do lobista João Henriques (preso na Lava Jato em setembro de 2015) em uma empresa suspeita de auxiliar na movimentação dos valores ilegais. As autoridades já rastrearam negociatas feitas pelos Luz usando contas na Suíça e nas Bahamas. Eles são investigados por corrupção, lavagem de dinheiro e evasão de divisas envolvendo contratos de compra dos navios-sonda Petrobras 10.000 e Vitória 10.000; na operação do navio sonda Vitoria 10.000 e na venda, pela estatal, da Transener para a empresa Eletroengenharia.

O pioneiro dos operadores de propina

A relação de Jorge com a Petrobras é antiga e reforça a tese defendida por especialistas e procuradores de que o esquema de corrupção da estatal transcende Governos e décadas. Ele atua como lobista nas diretorias de Abastecimento e Internacional da petroleira ao menos desde 1986, durante o Governo do então presidente José Sarney (PMDB-MA) e continuou na ativa durante os dois mandatos de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), Lula (PT) e Dilma (PT). Sua importância no esquema da Lava Jato foi confirmada pelo depoimento de ao menos cinco colaboradores da Justiça. Para o lobista Fernando Soares, vulgo Fernando Baiano, ligado ao ex-deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ), Luz foi uma espécie de padrinho e pioneiro no modus operandi da propina, abrindo as portas para o mundo da corrupção em Brasília.

De um encontro entre Luz e Baiano entre 2007 e 2008 foi costurado acordo para buscar apoio de políticos do PMDB para conseguir manter os então diretores da área Internacional, Nestor Cerveró, e de Abastecimento, Paulo Roberto Costa, em seus cargos. Até então as propinas pagas pela manutenção dos dois na estatal eram direcionadas ao PP. Em seu depoimento, Costa afirmou que “o Jorge é um lobista dentro da Petrobras desde sempre”. Cerveró e Costa assinaram acordos de delação com o MPF e ambos citam o papel de Luz para “azeitar” as relações com Brasília.

Já o empresário Milton Schahin, do grupo Schahin, outro envolvido no esquema da Petrobras, disse ao juiz Moro em abril do ano passado: “Conheço ele [Luz] há mais de 20 anos. Eu sei que ele não brinca quando fala. Resolvi não correr o risco”. O risco, no caso, era perder contratos com a estatal caso não fosse feito o pagamento de propinas exigido por Luz. Schahin assinou um acordo de delação premiada e se comprometeu a entregar documentos que comprovam os pagamentos feitos em contas de Luz. Sua colaboração ainda não foi homologada pela Justiça.

Quando seu nome começou a ser citado pelos delatores, Jorge Luz tentou conseguir um acordo de colaboração com as autoridades, mas as negociações emperraram. Agora, com um mandado de prisão preventiva aberto e na lista da Interpol, existe a expectativa de que Luz seja obrigado a colocar todas as cartas na mesa para conseguir um eventual acordo de delação premiada.

Renan já foi denunciado pela Lava Jato em outro inquérito e é réu pelo crime de peculato no Supremo Tribunal Federal. No total, a procuradoria acredita que diversos senadores da legenda e diretores da estatal tenham embolsado mais de 40 milhões de dólares entregues pelos Luz. “Há estimativas de que essas pessoas movimentaram em torno de 40 milhões em pagamentos indevidos”, afirmou procurador Diogo Castor, sem mencionar o nome de nenhum político. No despacho de Moro autorizando as ações da PF desta quinta, no entanto, o nome de Renan aparece seis vezes em diferentes contextos, mas sempre relacionado a Jorge Luz. Além de Renan, o nome de Jader Barbalho (PMDB-PA) também aparece em delações como sendo o destinatário de propinas repassadas por Luz.

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É a segunda operação seguida ligada à Lava Jato que atinge, ainda que indiretamente, nomes de caciques peemedebistas. Na semana passada foi a vez da Leviatã, que investiga pagamentos de propinas para a construção da hidrelétrica de Belo Monte, no Pará, e da usina nuclear de Angra 3, no Rio de Janeiro, chegar ao clã do senador Edison Lobão (PMDB-MA).

“Pai e filho atuavam de forma conjunta e faziam o meio campo entre os que queriam pagar propina e os que queriam receber os valores ilícitos”, disse o procurador Castor sobre o esquema. Além de auxiliar o pai Jorge Luz, o MPF afirma que Bruno é sócio do filho do lobista João Henriques (preso na Lava Jato em setembro de 2015) em uma empresa suspeita de auxiliar na movimentação dos valores ilegais. As autoridades já rastrearam negociatas feitas pelos Luz usando contas na Suíça e nas Bahamas. Eles são investigados por corrupção, lavagem de dinheiro e evasão de divisas envolvendo contratos de compra dos navios-sonda Petrobras 10.000 e Vitória 10.000; na operação do navio sonda Vitoria 10.000 e na venda, pela estatal, da Transener para a empresa Eletroengenharia.

O pioneiro dos operadores de propina

A relação de Jorge com a Petrobras é antiga e reforça a tese defendida por especialistas e procuradores de que o esquema de corrupção da estatal transcende Governos e décadas. Ele atua como lobista nas diretorias de Abastecimento e Internacional da petroleira ao menos desde 1986, durante o Governo do então presidente José Sarney (PMDB-MA) e continuou na ativa durante os dois mandatos de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), Lula (PT) e Dilma (PT). Sua importância no esquema da Lava Jato foi confirmada pelo depoimento de ao menos cinco colaboradores da Justiça. Para o lobista Fernando Soares, vulgo Fernando Baiano, ligado ao ex-deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ), Luz foi uma espécie de padrinho e pioneiro no modus operandi da propina, abrindo as portas para o mundo da corrupção em Brasília.

De um encontro entre Luz e Baiano entre 2007 e 2008 foi costurado acordo para buscar apoio de políticos do PMDB para conseguir manter os então diretores da área Internacional, Nestor Cerveró, e de Abastecimento, Paulo Roberto Costa, em seus cargos. Até então as propinas pagas pela manutenção dos dois na estatal eram direcionadas ao PP. Em seu depoimento, Costa afirmou que “o Jorge é um lobista dentro da Petrobras desde sempre”. Cerveró e Costa assinaram acordos de delação com o MPF e ambos citam o papel de Luz para “azeitar” as relações com Brasília.

Já o empresário Milton Schahin, do grupo Schahin, outro envolvido no esquema da Petrobras, disse ao juiz Moro em abril do ano passado: “Conheço ele [Luz] há mais de 20 anos. Eu sei que ele não brinca quando fala. Resolvi não correr o risco”. O risco, no caso, era perder contratos com a estatal caso não fosse feito o pagamento de propinas exigido por Luz. Schahin assinou um acordo de delação premiada e se comprometeu a entregar documentos que comprovam os pagamentos feitos em contas de Luz. Sua colaboração ainda não foi homologada pela Justiça.

Quando seu nome começou a ser citado pelos delatores, Jorge Luz tentou conseguir um acordo de colaboração com as autoridades, mas as negociações emperraram. Agora, com um mandado de prisão preventiva aberto e na lista da Interpol, existe a expectativa de que Luz seja obrigado a colocar todas as cartas na mesa para conseguir um eventual acordo de delação premiada.

El País

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