Em coletiva de imprensa nesta sexta-feira (4) em Curitiba, o procurador da República Carlos Fernando Lima informou que 60% das doações feitas ao Instituto Lula e 47% dos pagamentos da LILS Palestras foram realizados pelas maiores empreiteiras envolvidas no escândalo da Lava Jato. O MPF diz que o instituto recebeu de empreiteiras R$ 20 milhões em doações e que a LILS Palestras recebeu R$ 10 milhões.
“Ambas entidades receberam recursos expressivos de 2011 até 2014 vindas de grandes empresas e empreiteiras pagando palestras e doando recursos”, disse Carlos Fernando Lima.
As empresas são: Odebrecht, OAS, Camargo Corrêa, Queiroz Galvão, Andrade Gutierrez e UTC. “É o núcleo duro do cartel que delapidou o patrimônio de Petrobras”, afirmou o procurador.
Questionado por um jornalista, o procurador reconheceu que Lula pode ser o líder do esquema de corrupção. “Não há até o momento nenhuma conclusão”, apenas suspeitas, frisou.
O procurador declarou que a Lava Jato investiga uma organização criminosa no governo federal que se servia da Petrobras para financiamento político. “Essa organização possui um comando. O ex-ministro José Dirceu fazia parte desse comando. Ele está preso, mas a organização criminosa continuou existindo. Estamos analisando evidências de que o ex-presidente e sua família receberam vantagens.”
Perguntado sobre quais seriam essas vantagens, Carlos Fernando de Lima respondeu: “Os favores são muitos e difíceis de quantificar. É mais fácil quantificar as obras no triplex e as obras no sítio”, em referência às duas propriedades que o Ministério Público suspeita que foram pagas por construtoras em benefício de Lula, acrescentou.
Carlos Fernando de Lima também indicou que Lula pode ser o maior beneficiário do esquema de corrupção, mas diz que ainda não pode confirmar o envolvimento direto do ex-presidente.
Sobre uma possível prisão do ex-presidente, o procurador declarou: “As investigações não são conclusivas para pedir a prisão de Luiz Inácio”. O mesmo serve para a esposa de Lula, Marisa.
Carlos Fernando de Lima ressaltou, diversas vezes, que as investigações ainda não foram finalizadas e as suspeitas serão confirmadas apenas depois que as operações forem encerradas. “Esse é o momento de sermos republicanos. Não há ninguém isento no paí. (…) Lula não tem foro privilegiado”, reiterou, destacando que o Ministério Público Federal e a Polícia Federal “não têm nenhuma motivação política”.