O sucesso do “Japonês da Federal” é usado pela jornalista para falar das particularidades dos festejos de momo este ano no Brasil, descrito como “o carnaval da recessão” pelo jornal espanhol El País, ou “a festa à beira do precipício”, pelo semanário britânico The Economist, citados nas páginas do Le Monde.
“O gigante da América Latina não está em clima de celebração. Desde o início de 2015, mais de 1,5 milhão de pessoas perderam seus empregos, o real despenca, a inflação derrapa, a operação Lava Jato enoja os cidadãos e a presidente Dilma Rousseff é ameaçada de destituição”, resume o vespertino francês. Além disso, continua a jornal, a epidemia do vírus zika terminou de colocar o Brasil em “uma ladeira escorregadia que parece ter começado, simbolicamente, quando a derrota humilhante contra os alemães na Copa do Mundo de 2014”.
Nesse contexto, o carnaval brasileiro, que com o passar dos anos se tornou cada vez mais dependente do dinheiro público e dos patrocinadores foi afetado e várias cidades, “por decência ou obrigação” decidiram anular os festejos para fazer economias. “Como criticar um prefeito que preferiu investir em uma ambulância do que em um carro alegórico?”, questiona Le Monde.
No entanto, esse clima de crise não impede os brasileiros de celebrar e até ironizar, principalmente nos blocos de rua, os problemas enfrentados pelo país, comenta o jornal. O texto lembra que as máscaras de carnaval representando os rostos de Dilma, Lula ou Eduardo Cunha nunca fizeram tanto sucesso. Mas eles perdem, de longe, para a fantasia do “samurai”, a “coqueluche” do carnaval 2016 no Brasil, ironiza a correspondente.