A Câmara de Feira de Santana realizou na noite desta quarta (22) uma das sessões solenes mais concorridas do ano. Com plenário e galeria lotados, o Legislativo comemorou o Dia da Consciência Negra, transcorrido na última segunda, 20 de novembro, e outorgou ao secretário de Justiça e Direitos Humanos do Estado, o feirense Felipe Freitas, a Medalha Zumbi dos Palmares. A presidente Eremita Mota (PSDB) comandou os trabalhos, ao lado do autor do requerimento propondo o evento, vereador Sílvio Dias (PT). Integraram a Mesa de Honra, além do homenageado, os também secretários de Estado Ângela Guimarães (Igualdade Racial), que representou o governador Jerônimo Rodrigues, Angelo Almeida (Desenvolvimento Econômico) e Roberta Santana (Saúde); o representante do prefeito Colbert Filho, secretário Sérgio Carneiro, e a ativista do movimento negro, doutora honoris causa e comendadora Lourdes Santana.
Os vereadores Jhonatas Monteiro (PSOL), Luiz da Feira (Avante), Petrônio Lima (Republicanos), Pedro Américo (UB) e Professor Ivamberg (PT) estiveram presentes. No plenário foram registradas as presenças, dentre outras personalidades, de Mariana Oliveira, presidente da comissão igualdade racial da OAB Feira; Maria de Fátima Souza, presidente do Movimento de Mulheres de Feira de Santana; radialista Edilson Veloso, representando o secretário de Cultura do Município, Jairo Carneiro Filho; ex-reitor da UEFS, Evandro Nascimento; Gerinaldo Costa, presidente local do PT; Cristiana França, diretora do Hospital Clériston Andrade; ex-deputado federal Luiz Alberto e o presidente da Câmara de São Gonçalo dos Campos, vereador Josué Oliveira.
Eremita abriu os discursos da noite convidando a todos a estar atentos ao racismo que ainda persiste no país. É dever de todo cidadão, afirma a vereadora. Novembro, ela diz, deve ser um período marcado pela busca de novas conquistas, “por mais que pareçam distantes e até mesmo inalcançáveis”. Em seguida, Sílvio Dias fez a sua saudação, lembrando que “a verdadeira igualdade somente se efetiva quando todos os cidadãos tiverem acesso igual às oportunidades”, em áreas como a saúde, educação, justiça, política, esporte, lazer e outros direitos: “Traços estéticos não podem condicionar o respeito. O caminho é árduo, mas não podemos nos amedrontar”. O 20 de novembro, traduziu, “mais que momento festivo, é de resgate”.
O médico Gileno dos Santos Cerqueira Júnior, um dos palestrantes convidados, disse que a data comemorativa deve despertar nos cidadãos a necessidade de reivindicar por mais negros nos espaços de poder e políticas públicas para combater o processo discriminatório e segregacionista ainda latente. Também convidada para um breve pronunciamento na sessão solene, a professora da UEFS, Sandra Nívea Oliveira, registrou que só existe o 20 de novembro “porque outros teceram os dias seguintes ao 13 de maio, data oficial da abolição da escravatura”. Ela explicou que dias seguintes “são todos os dias em que a população negra resiste”. Ao apresentar dados de uma pesquisa no futebol – 41,8% dos atletas entrevistados afirmam ter sofrido preconceito -, a docente disse que “ainda que tenhamos avanços, os números (da discriminação racial) são reveladores”.
Dirigente do Núcleo Odungê – entidade defensora do movimento negro e da cultura em Feira de Santana – Lourdes Santana, disse que desde 1994 colabora na organização de sessões solenes na Câmara voltadas para a luta contra o preconceito racial e homenagens a personalidades negras. Fez um elogio ao trabalho do atual diretor municipal de Cultura, Edilson Veloso, presente ao evento. Ela aproveitou o momento para apelar aos representantes do Governo do Estado no plenário. Pediu “atenção e sensibilidade” para projetos apresentados pela entidade que preside. Garantiu que não tem intenção de ingressar na política partidária.
Ao final dos pronunciamentos, a Câmara homenageou figuras que militam na luta contra o preconceito racial em Feira de Santana: Edna de Araujo Santos (gari), Roque da Silva Ferreira (babalorixá), Apolinária Oliveira (Chica do Pandeiro), Sandra Soares Oliveira, Dra. Fernanda Conceição Simões dos Reis (quilombola), Professora Eli Pedreira, Valter dos Santos (Mestre Val da Capoeira, doutor honoris causa), Raimundo Nunes da Silva (Natureza, fundador Afoxé Pomba de Malê), Josafá Barbosa dos Santos (presidente Associação dos Blocos Afros de Feira) Urânia Santa Bárbara, Antônio Oliveira Soares (assistente social e psicólogo), José Roberto Alves da Costa (professor de karatê) e Gileno dos Santos Cerqueira Júnior (médico).
Ascom