Por 24 votos contra 20, a Câmara de Vereadores rejeitou nesta quinta-feira (17) abertura de processo de impeachment contra o prefeito Marcelo Crivella (Republicanos) por crime de responsabilidade em um esquema batizado pelos investigadores de “QG da propina”. O Ministério Público do Rio aponta Crivella como protagonista de uma estrutura de corrupção instalada na Riotur, empresa de turismo do Rio.
Filho do presidente da República e correligionário do prefeito, o vereador Carlos Bolsonaro votou contra o pedido de abertura. A sessão da Câmara de Vereadores aconteceu uma semana depois de a casa e o gabinete do prefeito serem alvo de uma operação de busca e apreensão a cargo do MP e da Polícia Civil. O celular do prefeito foi apreendido na ação, ocorrida na quinta-feira (10).
O inquérito contra Crivella foi aberto no ano passado com base na delação premiada de Sérgio Mizrahy, um agiota da zona sul da cidade. Ele apontou o empresário Rafael Alves, ex-dirigente do Salgueiro e da Viradouro, como o responsável por cobrar propina na Riotur. A empresa municipal de turismo era presidida até março por seu irmão, Marcelo Alves.
O delator disse que Rafael Alves cobrava propina de empresas contratadas pelo município ou que têm dívidas a receber de gestões anteriores. O agiota disse que trocava por dinheiro vivo os cheques que recebia do empresário como fruto de vantagem indevida para trocar por dinheiro vivo.
Segundo investigadores, material aprendido – incluindo troca de mensagens via celular – revela íntima relação de Crivella com o empresário. Ao autorizar a operação na casa de Crivella, a desembargadora Rosa Helena Guita afirmou que “a subserviência do prefeito a Rafael Alves é assustadora”.
Autora do pedido de impeachment, a presidente municipal do PSOL, Isabel Lessa, afirmou no requerimento que – “como se não bastasse, foram identificados ainda a existência de um esquema de corrupção e direcionamento de licitações no seio da Rioluz, bem como a manipulação de certame licitatório da Secretaria de Ordem Pública – SEOP – cujo objeto seria a contratação de reboques”.
Essa é a quinta vez que os vereadores se debruçaram sobre pedidos de abertura de impeachment contra o prefeito. Só em setembro foram dois. Por 25 votos a 23, a Câmara de Vereadores rejeitou na quinta-feira (3) a admissibilidade de processo de impeachment contra Crivella por improbidade administrativa no uso de funcionários da prefeitura para cerceamento da imprensa às portas de hospitais.
Dois pedidos de impeachment haviam sido protocolados na terça-feira (1º), um dia depois de reportagem da TV Globo revelar a existência dos chamados “Guardiões do Crivella”, ocupantes de cargos de confiança escalados para atrapalhar a imprensa e impedir depoimento dos usuários da rede pública de saúde.
Ascom